Mercado

Na volta ao setor privado, mais uma missão

Depois de 11 meses à frente da Secretaria de Relações Internacionais, criada pelo Ministério da Agricultura em janeiro do ano passado, a economista Elisabete Serodio decidiu voltar para o setor privado. Ela retorna para a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), onde prestou consultoria de 2002 até o fim de 2004, para dar continuidade ao trabalho de abertura de mercados para o setor sucroalcooleiro do país.

O trabalho de Elisabete na Unica foi interrompido quando a economista, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi convidada pessoalmente pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, no início de 2005, para estruturar a Secretaria de Relações Internacionais, considerada menina-dos-olhos do ministério. Em janeiro deste ano, decidiu que o seu projeto estava concluído e que não queria virar mais uma burocrata no governo.

Nos últimos cinco anos, a economista desempenhou um papel importante nos bastidores do processo movido pelo Brasil, Austrália e Tailândia na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a política de subsídios do açúcar da União Européia. Foi ela quem descobriu a brecha considerada um dos principais fios condutores do painel contra a UE ao levantar o fato de os europeus reexportarem com subsídios o açúcar importado pelo bloco dos países ACP (Ásia, Caribe e Pacífico). “Essa é uma história que eu ajudei a fazer. E é sempre a melhor de ser contada”, afirma. “Foi um trabalho feito em equipe com muito sucesso.”

Funcionária do governo desde 1976, Elisabete foi assessora dos ministros Celso Lafer, Dorothea Werneck, do embaixador José Botafogo Gonçalves, em áreas sempre ligadas ou próximas ao setor de açúcar e álcool. Passou pelas pastas da Fazenda, Agricultura e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic). A economista deu início à sua carreira pública no extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), vinculado ao Mdic. Também acompanhou de perto o período e intervenção do governo no setor de açúcar e álcool, desde a criação do Proálcool, e participou do processo da retirada desta intervenção, iniciada no fim da década de 80, e concluída no fim dos anos 90.

Seu próximo desafio será o de acompanhar as negociações agrícolas no âmbito da Rodada Doha, trabalhar maior acesso para o açúcar no mercado interno, e ampliar o acesso do produto no mercado internacional. “Vou escarafunchar sempre.”