A gestora de ativos Brookfield Asset Management, do Canadá, não deverá mais comprar as usinas da Renuka do Brasil. Pelo menos por enquanto. Segundo fontes ligadas às empresas, a canadense decidiu encerrar temporariamente as negociações por conta da instabilidade política do Brasil e da alta do dólar.
Pelas negociações em andamento, a Brookfield assumiria dívidas de US$ 490 milhões e faria gestões com os credores da Renuka sobre o pagamento dos débitos.
Com sede em Promissão (SP), a Renuka do Brasil é controlada pelo grupo indiano Shree Renuka Sugars Ltd, que detém uma participação de 50,3% do negócio, enquanto o acionista brasileiro Equivap, detém o restante das ações.
Processos
Com quatro usinas de cana-de-açúcar no país – duas em São Paulo e duas no Paraná – o grupo no Brasil não estava mais conseguindo responder de forma estruturada aos processos de cobrança movidos pelos bancos, disse à reportagem do jornal Valor Econômico, em setembro, o diretor jurídico da empresa, Tony Rivera.
As dívidas da Renuka do Brasil giravam em torno dos R$ 3,3 bilhões em setembro, e sob o bombardeio de diversas ações judiciais de execução de bens movidas por credores, a subsidiária do grupo indiano Shree Renuka Sugars, protocolou ontem na 1ª Vara Cível da cidade de São Paulo o pedido de recuperação judicial de suas usinas sucroalcooleiras no Brasil.
O controlador da empresa, o indiano Narendra Murkumbi, não conseguiu costurar a entrada de um sócio estratégico para injetar recursos na companhia a tempo de recuperá-la sem ajuda da Justiça.
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Sobre a entrada de um eventual investidor financeiro na empresa, Rivera disse que nenhuma possibilidade de reestruturação está descartada.
“Tivemos grupos interessados na companhia e tentamos negociar uma saída que envolvesse a venda de participação dos sócios. Mas não tivemos tempo hábil para equacionar isso. Essa porta, no entanto, não está fechada em um cenário de recuperação judicial”, acrescentou o diretor jurídico da Renuka, que tem assessoria do escritório Dias Carneiro Advogados.
180 dias
Se o pedido de recuperação judicial for aceito, a empresa terá 180 dias para apresentar um plano de pagamento dos credores. Durante esse período, ficam suspensos os processos de execução e arresto de bens movidos contra a companhia. Os bancos Bradesco, Santander, Votorantim, Banco do Brasil e Itaú são os principais credores da companhia.
A empresa indiana, que tem capital aberto na bolsa de Mumbai e como sócia a trading asiática Wilmar International, entrou no setor sucroalcooleiro no Brasil em 2009, quando comprou 60% de duas usinas em São Paulo (atual Renuka do Brasil) e outras duas no Paraná (atual Renuka Vale do Ivaí). A empresa já assumiu à época um elevado endividamento, sobretudo do negócio em São Paulo, adquirido do grupo Equipav, ainda sócio da Renuka do Brasil com 40% de participação.
Somaram a isso sucessivos problemas climáticos que afetaram a produtividade de seus canaviais, além dos baixos preços do açúcar e do etanol. A pressão sobre o etanol foi influenciada pela política do governo brasileiro de controlar os preços da gasolina, um concorrente direto do etanol hidratado no mercado interno.
Juntas, as unidades da Renuka no Brasil têm capacidade para processar 12 milhões de toneladas de cana por safra. Até 24 de setembro, a moagem acumulada havia alcançado 5,6 milhões.
Considerando os ativos no Brasil e na Índia, a Shree Renuka Sugars opera 11 usinas com capacidade para processar 20,7 milhões de toneladas e duas refinarias.