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Usinas de Alagoas farão safra mais alcooleira

Ribeiro, do Sindaçúcar-AL: safra 15/16 mais alcooleira
Ribeiro, do Sindaçúcar-AL: safra 15/16 mais alcooleira

Em entrevista para o Portal JornalCana, Pedro Robério Ribeiro, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool do Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL), comenta sobre previsão da safra recém-iniciada e sobre transferência de etanol do Centro-Sul, entre outros temas. Confira a seguir. 

A consultoria Datagro reduziu de 65 para 59 milhões de toneladas de cana-de-açúcar a previsão de moagem na safra 2015/16 das regiões Norte e Nordeste. Qual sua previsão para a safra de cana em Alagoas?

Pedro Robério Ribeiro – O melhor momento para quantificar a safra de cana-de-açúcar não é agora [fim de setembro]. Há chuvas esperadas entre outubro e novembro, as chamadas pancadas de verão, que não são muito intensas, mas precisam ocorrer para segurar o desenvolvimento da cana que foi cortada no final da safra anterior.

Ribeiro, do Sindaçúcar-AL: safra 15/16 mais alcooleira
Ribeiro, do Sindaçúcar-AL: safra 15/16 mais alcooleira

Quanto então dá para avaliar com precisão a safra 15/16 do Nordeste?

Pedro Robério Ribeiro – A avaliação mais precisa de safra é depois dessa temporada [entre outubro e novembro].

Qual é a avaliação feita agora?

Pedro Robério Ribeiro – Ouvindo as bases primárias, usinas e tudo mais, encaminhamos para ter na safra 15/16 uma repetição da safra 14/15. É que em muitos dos estados das regiões Norte e Nordeste houve muita seca, enquanto em outros choveu. Choveu bem em Alagoas, o maior estado produtor, e em Pernambuco. Prevemos entre 60 e 62 milhões de toneladas.

E no caso específico de Alagoas?

Pedro Robério Ribeiro – Iremos a 24 ou 25 milhões de toneladas de cana, que repetirá o desempenho da safra 14/15.

As usinas de Alagoas farão uma safra mais alcooleira, a exemplo das usinas de cana do Centro-Sul?

Pedro Robério Ribeiro – Como opção mercadológica, será uma safra mais alcooleira. O mix tradicional é 65% para açúcar e 35% para etanol. Vamos encaminhar para meio a meio: 50% para açúcar e 50% para etanol, porque o biocombustível proporciona maior liquidez.

Em volume, o que significa?

Pedro Robério Ribeiro – Em Alagoas, significará 700 milhões de litros de etanol e 2,5 milhões de toneladas de açúcar.

Qual o número de unidades de cana de Alagoas na safra 15/16?

Pedro Robério Ribeiro – Vinte. Repete o número de unidades da safra 14/15.

Tradicionalmente, há transferência de etanol do Centro-Sul para atender os mercados do Norte e Nordeste. A consultoria Datagro estima essa necessidade em 500 milhões de litros. Esse volume pode ser transferido das usinas de cana ou comprado no exterior, alternativa prejudicada com a recente alta do dólar. Como o sr. vê essa situação?

Pedro Robério Ribeiro – Primeiro: esse fenômeno [de transferência de etanol para o Norte e Nordeste] é normal. O déficit de etanol é coberto pelo Centro-Sul. A importação de etanol é uma oportunidade, uma janela de preços que aparece. O normal é as usinas de cana de Goiás e Minas Gerais suprirem o Nordeste durante a entressafra. Há mais de cinco anos é assim.

As usinas de cana do Centro-Sul produzem etanol e há pouco disponibilidade de estoque porque as unidades têm vendido o biocombustível. Como o sr. avalia a situação, com a oferta estreita?

Pedro Robério Ribeiro – Por isso a safra [em Alagoas] ficará mas alcooleira do que açucareira. Haverá menos açúcar no mercado. Isso irá acontecer no Norte-Nordeste e no Centro-Sul.

O sr. acredita que a Cide sobre a gasolina possa retornar aos níveis de antes, de R$ 0,60 por litro, ante os R$ 0,20 hoje cobrados?

Pedro Robério Ribeiro – Não só acredito, como necessitamos. Lamentavelmente porque o imposto que dá certo em tudo, por gerar arrecadação, viabiliza o setor sucroenergético, entra e sai da pauta com muita velocidade. Essa explicação nos é devida. Como não foi explicado porque [a Cide] saiu, e também ninguém diz se vai voltar, acredito que politicamente há espaço entre CPMF e Cide.

Explique mais, por favor.

Pedro Robério Ribeiro – O governo ainda acredita que a CPMF irá voltar. A CPMF é imposto que dá mais liquidez ao governo, mais rápido do que a Cide. De forma que acredito que para a Cide voltar à pauta quando ficar confirmado que a CPFM não terá espaço político.

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