Heike Kirsten, do departamento de marketing da Rapunzel, afirma que sua empresa não planeja abrir mão da “marca” rapadura nos mercados alemão e norte-americano.
“Não temos a intenção de abandonar o registro”, disse. Ela acrescentou, porém, que o desejo da Rapunzel é “trabalhar de modo cooperativo com o Brasil”. Questionada sobre o que seria um “modo cooperativo”, disse: “Ainda estamos discutindo o assunto e não poderia comentar”.
A Folha perguntou a Kirsten o que acharia de um improvável registro da “marca” wurst (salsicha, em alemão) por uma empresa brasileira que desejasse vender embutidos. Ela não soube responder.
A representante da Rapunzel disse que o registro da “marca” Rapadura teve o objetivo de “salvar o nome para a empresa”. “Ninguém conhecia o termo rapadura e queríamos um nome diferente para vender o açúcar mascavo orgânico no mercado alemão. Registramos o nome aqui e nos Estados Unidos”, afirma.
Kirsten afirma também que sua empresa deseja “associar o nome rapadura às ações sociais” que a Rapunzel pratica.
Segundo ela, 1% das vendas da rapadura e dos demais 400 produtos que a empresa comercializa são destinados a um fundo que financia atividades sociais ao redor do mundo.
Neste momento, a rapadura brasileira estaria ajudando as vítimas do tsunami asiático do ano passado.
Direto de São Paulo
O açúcar mascavo que a Rapunzel vende com o nome rapadura é produzido a 600 quilômetros de São Paulo, em Lucélia, pela empresa de produtos orgânicos Planeta Verde, em uma área de 435 hectares.
O dono da Planeta Verde é o suíço naturalizado brasileiro Emile Lutz, que fabrica 1.200 toneladas ao ano de açúcar mascavo e que há 15 anos fornece o produto para a alemã Rapunzel.
Segundo Lutz, a Planeta Verde possui sete diferentes certificados para a produção de açúcar orgânico, que é vendido em sacos de 15 quilos ou em contâineres com até 19 toneladas. Ele não revela quanto cobra pela rapadura que vende à Rapunzel.
Nos EUA, um pacote de 680 gramas do “adoçante” Rapadura Rapunzel pode ser comprado pela internet por US$ 4,59 (R$ 10). É um pouco mais em conta do que uma rapadura autêntica da marca Itamarati, que sai por US$ 4,99. (FCZ)