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Brasil deve estimular outros países a produzir biodiesel, diz Mapa

O diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, José Nilton de Souza Vieira, afirmou que é desafio do Brasil atrair outros países para a produção de biodiesel. “Os riscos são muito grandes. Um país só vai introduzir novos combustíveis em sua matriz energética quando houver a garantia de abastecimento”, afirmou ele, ao participar do seminário “A inserção das cooperativas no processo de produção de biodiesel”, na sede da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em Brasília.

Na avaliação do diretor, uma alternativa seria estimular o mercado futuro de álcool e posteriormente as vendas antecipadas de biodiesel, combustível que pode ser produzido a partir da soja, girassol, dendê, mamona e algodão. Ele calculou que se toda a produção brasileira de 60 milhões de toneladas de oleaginosas fosse destinada ao biodiesel seriam produzidos 11 milhões de toneladas de óleo. “Esse volume é apenas 25% do nosso consumo de diesel”, avaliou. A soja representa 50 milhões de toneladas da produção total de oleaginosas, produção que já está comprometida com o mercado interno e as exportações.

Para o coordenador geral de agroenergia da pasta, Frederique Rosa e Abreu, outro “dilema” é desenvolver novas variedades que possam oferecer mais óleo por hectare. “A produtividade ainda é muito baixa”, comentou. Ele lembrou que o biodiesel tem custo de produção superior ao diesel. “Oitenta por cento do custo de produção vem da matéria-prima. Se conseguirmos elevar a produtividade, os custos cairão”, comentou.

A Lei 11.097, de janeiro de 2005, determina a adição voluntária de 2% de biodiesel ao diesel. A partir de janeiro de 2008, são duas as opções: o porcentual de 2% passa a ser obrigatório ou a mistura de 5% passa a ser opcional. Em janeiro de 2013, a adição de 5% será obrigatória, o que demandará, segundo cálculos do governo federal, 2 bilhões de litros por ano. Na primeira etapa, a mistura demandará 800 milhões de litros por ano.

Vieira lembrou que o álcool vem recuperando espaço no mercado de combustíveis, resultado da tecnologia que permite uso de álcool ou gasolina nos carros. No final da década de 80, o álcool respondeu por 50% do mercado de combustíveis no País. Entre 2001 e 2002, esse porcentual caiu para 35%. Hoje, esse número chega a 40%.