Eduardo Junqueira da Motta Luiz, sócio diretor da Usina Açucareira Guaíra (UAG), apresenta suas opiniões sobre os impactos das recentes turbulências na economia da China sobre o setor sucroenergético brasileiro.
Ele faltou com exclusividade para o Portal JornalCana durante o evento de premiação do Prêmio MasterCana Centro-Sul na segunda-feira (24/08), em Ribeirão Preto (SP).
Portal JornalCana – As recentes turbulências na economia da China, que ajudaram o dólar a subir para mais de R$ 3,60 no Brasil nesta semana, afetarão as usinas de açúcar e de etanol brasileiras?
Eduardo Junqueira – A situação econômica da China trará pioras para o setor sucroenergético brasileiro. Estou bastante pessimista. Eles estão desvalorizando a moeda deles, e com isso irão importar menos. O dólar está subindo, mas toda vez que o dólar sobe o açúcar diminui de preço. É sempre assim.
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Portal JornalCana – As avaliações indicam que o estoque mundial de açúcar está caindo. Não é bom para o setor?
Eduardo Junqueira – Fala-se que no fim de 2016 o estoque mundial de açúcar deverá ter uma diminuição. Aí talvez os preços podem começar a melhorar. Mas os preços do petróleo também caíram, e o açúcar, enquanto commodity, também acompanha o preço do petróleo. São regras de mercado.
Portal JornalCana – Como deve terminar 2015 para o setor sucroenergético?
Eduardo Junqueira – O ano deve terminar bastante difícil. Acredito em melhora, para o setor sucroenergético, mais para o açúcar, só a partir do segundo semestre de 2016.
Portal JornalCana – Com essa previsão, o sr. já planeja produzir mais açúcar na Usina Açucareira Guaíra (UAG) na safra 2016/17?
Eduardo Junqueira – É uma ideia. Mas o nosso mix não muda muito. Temos produções de etanol e de açúcar de pouca flexibilidade, o que também ocorre em grande parte de outras usinas. Trabalhamos com 64% de açúcar e o restante para etanol. O que precisamos é de preço. Está muito difícil.
Portal JornalCana – Como está indo a safra 15/16 para a UAG?
Eduardo Junqueira – Está indo bem. Deveremos terminar a safra no dia 20 de novembro, com uma moagem de 2,650 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Era a moagem prevista, após três anos de seca.
Portal JornalCana – E a produtividade?
Eduardo Junqueira – Deveremos fechar com 92 toneladas de cana por hectare (tch). Trabalhamos com cana que está com 15 anos de cortes. Temos alta produtividade, devido ao manejo. É um trabalho de muitos anos de cana crua. Mas a idade de nossos canaviais é de 4,2 anos.
Portal JornalCana – E como vai a produtividade em quilos de ATR?
Eduardo Junqueira – 150 quilos de ATR por tonelada nessa cana de 15 cortes. No acumulado, estamos com 130 quilos de ATR por tonelada.