As dificuldades de acesso a crédito rural não se limitam aos produtores de grão e fibras. No caso do setor sucroenergético, as linhas voltadas à estocagem de etanol e à renovação de canaviais sequer foram disponibilizadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aos bancos interessados em operar.
Somente para estocar o biocombustível, foram anunciados no Plano Safra R$ 2 bilhões para produtores e usinas – recursos esses que se enquadram na modalidade de custeio agrícola, a juros de 8,3% ao ano. O diretor-técnico da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues, diz que esses recursos são essenciais para financiar estoques do produto, de forma a evitar que toda a oferta de etanol seja colocada no mercado no período de safra (de maio a dezembro).
“Com esse financiamento, as usinas podem segurar mais o etanol para vender durante a entressafra, que vai de janeiro a março”, disse o diretor-técnico da Unica. Ele lembra que a expectativa era de que essa linha fosse disponibilizada em julho.
Conforme Jacyr Costa Filho, diretor para o Brasil do Grupo Tereos, que controla a sucroalcooleira Guarani, sempre há atraso na liberação dessas linhas de crédito ao setor, mas esse atraso nunca havia sido tão grande.
No caso da linha de renovação de canaviais, o diretor da Unica disse que as empresas do segmento estão plantando cana com recursos captados a taxas mais altas por causa da falta desse financiamento. O governo federal e o BNDES responderam que os recursos estarão disponíveis “em breve”.
Fonte: (Valor)