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Meta é baratear as células a combustível

Pense numa pilha. Agora imagine-a amplificada e conectada a tubos que forneçam hidrogênio para que sua carga não se extinga nunca. Você acaba de formular uma idéia de como funciona a célula a combustível.

O sistema é bem mais complexo, mas, em síntese, a célula a combustível é um dispositivo que converte energia química em elétrica através da alimentação constante de hidrogênio.

Dentro do Cietec, incubadora de empresas de São Paulo, há um grupo de engenheiros pesquisando como miniaturizar e baratear essa tecnologia. São os quatro sócios da Electrocell, que se dedicam a pesquisar uma fonte de energia limpa, sem ruído e de qualidade. “A questão ambiental, o aumento do preço do petróleo, a diminuição das reservas, tudo isso nos impulsionou”, afirma o engenheiro químico Gerhard Ett, 38, diretor industrial da firma.

Antes de se lançar na empreitada, porém, ele fez duas graduações (engenharia química e química), mestrado e doutorado no Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e três cursos de pós especificamente em células a combustível, na USP.

Seus sócios se formaram em outras áreas: um é engenheiro eletrônico, o outro, engenheiro eletricista, e o terceiro é engenheiro de materiais. A diversidade de conhecimentos é uma das características mais valorizadas nos pesquisadores da área energética.

Mudança de foco

O quadro de preocupação com o ambiente e com a escassez de recursos afeta também as empresas de petróleo, que estão se transformando em empresas de energia.

“É um movimento mundial”, afirma Maria Helena Troise Frank, consultora da gerência de gás e energia do Cenpes (centro de pesquisas), da Petrobras. Segundo ela, as “bolas da vez” são o gás e a célula a combustível. Outra grande aposta é a biomassa. “O Brasil está sendo visto como a Arábia Saudita da biomassa. Isso tudo está abrindo oportunidades inimagináveis no mercado”, diz.

Hoje, ela coordena uma carteira de projetos de geração de energia, distribuição e armazenamento de hidrogênio, substância cujo potencial é considerado grande.

Segundo ela, porém, há muito mais o que pesquisar, “como os geradores e a sua integração com a rede de distribuição de energia, por exemplo. O horizonte de desenvolvimento é grande”. (RGV)