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Maranhão organiza produtores para exportar a cachaça artesanal

Parceria une Senai, Sebrae e Federação das Indústrias para explorar potencial produtivo do estado. Uma parceria entre a Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema), Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e Sebrae retoma o programa de incentivo à produção de cachaça no Estado com destino à exportação, depois de sete meses paralisado.

A retomada dos trabalhos teve o marco inicial durante um evento que reuniu empresários e representantes de entidades envolvidas na produção de cachaça no Maranhão, promovido pela Fiema, na última sexta-feira, em São Luís. Um dos enfoques do encontro foi o programa de certificação.

De acordo com o Plano Estratégico de Desenvolvimento Industrial do Maranhão, elaborado pela Fiema, o agronegócio da cachaça foi apontado como uma atividade econômica estratégica para o desenvolvimento industrial do estado. O coordenador de implementação do plano estratégico, Marco Antônio Moura, explica que Maranhão tem um enorme potencial para produzir a cachaça artesanal, produto de exportação com grande aceitação no mercado internacional, principalmente na Europa. Por esta razão o governo tem dado total apoio aos produtores.

“Temos potencial interno e condições propícias para levar o nosso produto ao mercado externo”, diz Moura, ao justificar a escolha da cachaça maranhense para receber incentivo à organização do setor, com vistas à exportação.

É no sertão maranhense onde está concentrado maior número de alambiques. São cerca de 250, distribuídos em 11 municípios: Buriti Bravo, Barão de Grajaú, Colinas, Mirador, Paraibano, Pastos Bons, Passagem Franca, São Domingos do Azeitão, São João dos Patos, Sucupira do Riachão e Sucupira do Norte). A produção é artesanal e apresenta altos índices de informalidade.

A atividade, que gera na região cerca de 6 mil empregos – entre diretos e indiretos – requer atenção maior das órgãos e entidades ligada à economia estadual, segundo o produtor Francisco Bacelar, que deixou o alambique em Aldeias Altas (392 quilômetros de São Luís) para participar da reunião do setor, em São Luís.

“O nosso processo é todo artesanal e enfrenta uma crise muito difícil no mercado local, pois concorre com a cachaça industrial. Vendo meu produto a R$ 3, enquanto que a indústria vende a R$ 0,80 uma garrafa”, explica.

Aos 45 anos, Bacelar produz cachaça desde os 19 anos, atividade herdada dos avós. A exportação, conforme afirma, é vista como uma saída para a sustentabilidade dos negócios, já que o produto é valorizado no exterior. O alambique de Bacelar produz quatro mil litros de cachaça por dia.

De acordo com o assessor da Diretoria de Qualidade do Inmetro, Zulmar Teixeira, o governo brasileiro pretende atingir a meta de exportação de 40 milhões de litros cachaça até 2010. A organização dos produtores e incentivo à certificação estão entre as estratégias adotadas pelo governo para alcançar a meta.

“Para o Ministério do Desenvolvimento, uma das maneiras de incrementar as exportações e adquirir a confiança é a certificação”, diz o representante do Inmetro.

Como as micro e pequenas empresas participam muito pouco das exportações e dos processos de certificação, o governo criou vários programas de apoio que consiste nas seguintes ações: incentivo à realização de feiras e eventos de negócios, à implantação de um sistema de informações qualificadas.

Atualmente, existem grupos de produtores de cachaça em processo de certificação nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

No Maranhão, o processo ainda está na fase de organização e dos produtores e diagnóstico da produção para depois receberem os incentivos do programa de certificação. Chamado Bônus Certificação, programa tem por objetivo apoiar as micro e pequenas empresas.

O apoio é técnico – para a implementação dos processos produtivos – e financeiro. O governo financia – a fundo perdido – de 50% a 70% dos custos de certificação para quem faz parte do programa.