Por uma estratégia de mercado, terminais açucareiros do Sudeste têm utilizado a capacidade ociosa para escoamento de granéis sólidos. No entanto, uma possível alta na demanda de exportação de açúcar pode causar um conflito logístico com o retorno do uso desta infraestrutura pelo setor sucroenergético.
A provável pergunta é: por onde serão enviados os grãos? E a possível resposta, pelos portos do Arco Norte, porém, conforme publicado pelo DCI, os investimentos naquela região só devem trazer o retorno esperado a partir de 2018 e, nas projeções da São Martinho, o aumento no volume de exportações açucareiras é previsto para meados de 2017.
Cenário
“Você tem alguns terminais como o do Paraná, por exemplo, que hoje dividem a carga entre soja e açúcar. Estamos camuflando a capacidade portuária instalada ao utilizarmos o mesmo terminal para dois tipos de produto”, afirma o diretor comercial e de logística do Grupo São Martinho, Helder Gosling.
Segundo o executivo, isso vem acontecendo nos últimos dois anos e meio, desde que a moagem de açúcar ficou praticamente “estagnada”, em função da crise entre as usinas do setor.
Dados compilados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) mostram que a produção açucareira do Centro-Sul passou de 34,09 milhões de toneladas na safra 2012/2013 para 31,98 milhões em 2014/2015. Em contrapartida, o etanol total (anidro e hidratado) saiu de 21,36 bilhões de litros para 26,14 bilhões no mesmo período avaliado.
Questionado sobre o assunto, o secretário de Logística e Transportes de São Paulo, Duarte Nogueira, disse ao DCI que a redução nos embarques ocasionou um aumento de ociosidade nos terminais que, para conseguirem receita, foram levados a buscarem outras fontes. “Os terminais estão fazendo escolhas por uma questão de rentabilidade e manutenção das suas atividades”, acrescenta.
Saída
Na avaliação do executivo da São Martinho, o consumo mundial de açúcar cresce, anualmente, em torno de três milhões de toneladas. Para ele, mesmo que haja um avanço nas produções de países como a Índia e Tailândia, daqui a dois anos o mercado internacional tende a depender substancialmente da commodity brasileira. No primeiro semestre de 2015, o País avançou em 2,2% no volume embarcado, para 10,33 milhões de toneladas. Entretanto, de acordo com levantamento do Ministério da Agricultura, a receita de exportação caiu 10,5%, para US$ 3,54 milhões, contra o mesmo período do ano passado.
Diante de um possível conflito logístico em 2017, a saída para o escoamento da oleaginosa ficaria entre os portos do Arco Norte – como os paraenses Santarém e Miritituba; e Itaqui, no Maranhão – cujas melhorias fazem parte do aporte de R$ 198,4 bilhões da nova etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL).
“Esperamos que os projetos do corredor Norte e Nordeste saiam de um jeito de que desafogue Santos, para que possamos acomodar as exportações de açúcar”, diz Gosling, mas na avaliação do Movimento Pró-Logística, órgão regido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), o efeito esperado para estes investimentos deve vir só daqui a 3 anos.
Gargalos
O plano de logística do governo federal não contemplou o sistema hidroviário, visto que “para desafogar o setor sucroenergético, qualquer projeto é bem vindo”, enfatiza Gosling.
O secretário estadual de Transportes assinalou que o principal gargalo paulista é a interligação entre os modais, rodoviário e ferroviário, por exemplo. “A eficiência para fazer o tombamento de cargas de um para o outro é essencial para melhorar em produtividade”, comenta.
Entre os anos de 2015 e 2018, estão previstos R$ 31 bilhões em investimentos na pasta de logística e transportes, pelo Plano Plurianual (PPA) do governo do estado.
(Fonte: DCI)