A venda direta de etanol hidratado da usina para os postos já foi discutida pelo setor sucroenergético e é novamente apresentada por Mário Campos, presidente da Siamig, instituição que representa as usinas do Estado de Minas Gerais.
Em entrevista durante o evento Ethanol Summit, na capital paulista, Campos disse que a venda direta, no caso de Minas Gerais, com 853 municípios e de grande área territorial, reduziria os custos de logística no transporte do biocombustível.
“Temos no segmento uma ineficiência logística muito grande”, afirmou. “Temos a obrigação de vender da usina para a companhia distribuidora, que tem suas bases de distribuição espalhadas pelo país.”
No caso de Minas, emendou, há exemplo clássico [dessa ineficiência logística]. No município de João Pinheiro, o maior em área de Minas, há quatro usinas instaladas. “Um posto da cidade, que vende etanol, poderia comercializar o biocombustível feito no município, mas para que o etanol chegue a esse posto ele é vendido pela usina para companhia distribuidora, que leva o etanol até Belo Horizonte, a 350 quilômetros de distância, e depois volta até João Pinheiro”, comentou. “Ou seja, o etanol andou 800 quilômetros sem necessidade.”
Segundo ele, o modelo de venda de combustíveis para distribuidoras é um modelo para combustíveis fósseis, com refinarias e bases próximas.
Uma possibilidade de acabar com essa ineficiência logística é permitir a venda direta. Para isso, lembra, é preciso mudar toda a legislação, tributária e com documentação na Agência Nacional de Petróleo (ANP).
“O único imposto que atinge hoje o etanol é o ICMS”, disse. “Então, seria alterar o ICMS nos governos estaduais”.
“Não digo isso como regra, mas como possibilidade”, afirmou. “Entendo que as companhias distribuidoras têm uma função muito importante, mas se se olha esses casos, como o de Minas Gerais, entende-se como há distorção.”
“[No caso de João Pinheiro] gasta-se mais diesel, o frete fica mais caro para abastecer o mercado [com o etanol feito na vizinhança da cidade]”.
Campos reconhece que o tema da venda direta é polêmico. “No setor [esse tema] não tem uma unanimidade”, comenta. “Mas esse ano a questão mostrou especificamente isso em Minas, onde o ICMS foi reduzido em 18 de fevereiro e o consumo de hidratado avançou.”