O preço do litro do álcool anidro deve ultrapassar R$ 1 no curto prazo diante da maior demanda por álcool combustível tanto no mercado interno como o externo, segundo estimativa de Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria. De acordo com ele, os preços de exportação de álcool e açúcar estão mais remuneradores que os do mercado interno, e para que mais produto seja direcionado para o mercado interno e atenda a demanda crescente dos carros bicombustíveis o preço interno terá que subir.
Nastari acredita que os preços do petróleo devem continuar atraentes no médio prazo também no mercado internacional mesmo com o câmbio brasileiro supervalorizado. “O custo do barril de álcool de cana sai por US$ 26 e dificilmente veremos o preço do barril de petróleo cair para este patamar”, diz.
Segundo ele, mesmo com o preço do álcool mais firme neste momento, os Estados Unidos devem importar mais álcool do Brasil no segundo semestre porque está competitivo em relação ao preço da gasolina americana. “E as importações devem ser diretas, com o pagamento dos impostos”, disse. Para o consultor, os Estados Unidos devem substituir, neste segundo semestre, o bom desempenho importador da Índia no primeiro semestre. A exportação de álcool brasileira deve terminar a safra 2005/06 em 2,6 bilhões de litros, mesmo patamar da safra anterior. Para 2006/07, o volume exportado deve atingir 2,8 bilhões de litros.
Para Nastari, o atual câmbio está reduzindo as margens do setor ao tornar seus custos mais elevados. “O câmbio real seria em torno de R$ 2,86 a R$ 2,87 o que reduziria o custo do barril de álcool para algo em torno de US$ 21, tornando o produto ainda mais competitivo”, disse. Mesmo para o açúcar, o consultor informa que, no atual câmbio, o custo de equilíbrio para ser lucrativo é de 8,4 cents por libra. “O setor está registrando lucro com o açúcar a 10,5 cents mas é importante notar que os custos também subiram e os preços estão acima de 8,4 cents faz pouco tempo”, informa.
Os preços do açúcar também estão sendo sustentados pela maior demanda internacional pelo produto. De maio a agosto de 2005, o Brasil exportou 1,5 milhão de toneladas a mais que em igual período de 2004. “É um crescimento expressivo para o período de safra. Apenas em agosto foram embarcados perto de 1,8 milhão de toneladas”, disse. Nastari acredita, contudo, que o volume que será embarcado durante a entressafra deve permanecer estável em relação a entressafra passada.