Já está decidido: a Petrobras deverá cortar em até 40% o valor do seu plano de investimentos entre 2015 e 2019, que totaliza US$ 130 bilhões. Uma opção é a estatal sair do setor sucroenergético. Ou seja, vender sua sociedade em usinas sucroenergéticas.
Por meio da Petrobras Biocombustível (PetroBio), a estatal é sócia em sete usinas da Guarani, na qual possui uma fatia de 42,9%.
Além da Guarani, a estatal também possui 49% na Usina Boa Vista, em sociedade com o Grupo São Martinho, e uma fatia de 40% na Usina Bambuí, em Minas Gerais, em parceria com a Turdos Participações.
A decisão sobre cortar 40% o montante do plano de investimentos reflete a pressão sobre a crise financeira que acomete a maior empresa brasileira, vítima de investigações sobre corrupção, além de prejuízos decorrentes de ações de gestão.
A proposta de corte no orçamento será analisada nesta sexta-feira (26/06) pelo conselho de administração. Mas já se avalia uma possível retardamento na decisão pelo colegiado.
De qualquer forma, a saída da Petrobras do setor sucroenergético é apenas questão de semanas ou meses. A saída, entretanto, não será fácil. Com a Guarani, controlada pela francesa Tereos, a estatal assumiu compromissos de investimentos e um deles, no valor de R$ 250 milhões, ainda deverá – ou deveria – ser aplicado até outubro próximo.
A estatal até pode vender sua fatia nas sete usinas da Guarani, e a própria sócia pode comprar, embora não haja proposta formal nesse sentido. Ou seja: tem-se uma novela com capítulos apenas no começo.
Linha do tempo
O acordo societário com a Guarani ocorreu em 2010. Por meio dele, a Petrobras, por meio da PetroBio, é sócia nas unidades Tanabi, de Tanabi (SP); São José, de Colina (SP); Andrade, de Pitangueiras (SP); Mandu, de Guaíra (SP); Vertente, de Guaraci (SP); Cruz Alta, de Olímpia (SP) e Severínia, de Severínia (SP).
Com o Grupo São Martinho, a PetroBio criou em 2010 a joint-venture Nova Fronteira, que controla a Usina Boa Vista, em Quirinópolis (GO). Implantada em 2008, a unidade tem capacidade de moagem de 3,3 milhões de toneladas de cana por ano e produção anual de 286 milhões de litros de etanol. Também está capacitada para 60 megawatts (MW) cogerados da biomassa da cana.
O braço sucroenergético da Petrobras, a PetroBio, é sócia na Usina Bambuí desde 2009. Localizada na cidade mineira de Bambuí, a unidade também pertence a Turdos Participações, que controla a Total Agroindústria Canavieira.
Segundo a PetroBio, a Bambuí tem capacidade de moer 1,2 milhão de toneladas de cana-de-açúcar, 80% de sua colheita é mecanizada e o número de colaboradores passa de 900. Também cogera eletricidade da biomassa da cana, com capacidade de 5,3 megawatts (MW). A produção de etanol é estimada em 105 milhões de litros por safra.