Nos últimos dias, o Ministério de Minas e Energia anunciou a potência instalada de biomassa para o mês de em abril, 12.417 MW, e perdendo para as hídricas e térmicas movidas a gás natural.
Já a biomassa sucroenergética, a partir do bagaço de cana de açúcar, bateu recorde de 10 mil MW de capacidade instalada e no geral com outros insumos, como cavaco de madeira, a participação no mesmo mês foi de 9,1%.
Atualmente, a biomassa é considerada a terceira fonte mais importante da matriz energética, mas que poderia ser a segunda e concorrendo diretamente com as terméletricas movidas a carvão e gás caso o setor sucroenergético tivesse mantido o ritmo de 2008 a 2010, quando ocorreu o “boon” do etanol.
De 2010 até 2013, a biomassa do bagaço da cana passou a perder espaço para as eólicas e, mesmo com os leilões, os investimentos recuaram. “Tudo o que se viu de biomassa até 2013 foi resultado de investimentos passados, já que falta ainda uma política eficaz para a bioeletricidade. Caso isso ocorresse de imediato, haveria uma retomada da confiança do setor para essa fonte”, disse o gerente de bioeletricidade da União da Indústria de Cana de Açúcar (UNICA), Zilmar de Souza, ao Setor Energético.
Com a recuperação de canaviais e novos projetos, o potencial para a biomassa é de 19.400 MW, somente com canaviais existentes, volume que poderia ser sete vezes maior com melhores incentivos.
No começo de 2014, a geração de biomassa contribuiu com 543 GWh, ou seja, 1,1%. Nos meses seguintes foram 4% e no auge da safra de cana, em agosto, foram quase 7%, representando 2.765 GWh do total produzido no País. Caso todo potencial tivesse sido explorado, a geração de bagaço de cana pouparia 13% dos reservatórios do País, isso sem contar a utilização na autoprodução.
Para Souza, se o planejamento em projetos de biomassa de cana fosse mantido no mesmo ritmo de até 2013, as termelétricas a carvão e gás poderiam ter sido poupadas no auge da crise hídrica. “Junto com as demais renováveis, a biomassa teria capacidade de dar suporte ao sistema e com um custo de geração bem inferior. Quem ganharia era o consumidor, que está sendo obrigado a pagar as tarifas mais elevadas de energia”, considera.
Em 2008, segundo Zilmar, a UNICA vendeu mais de 30 projetos novos e em plena crise econômica global. A partir daí, o governo passou a olhar menos para a biomassa e muito mais para a eólica, o que acabou tirando o apetite dos investidores.
Como base de comparação, em 2012 não foram vendidos nenhum dos 40 novos projetos e acendeu a “luz vermelha” do governo para não deixar essa matriz importante fora dos leilões. “Para resgatar o interesse do investidor e tirar da memória o prejuízo será um processo muito longo. Daí da importância de se ter uma política eficaz e que desperte novamente o interesse para a biomassa de cana”, relembra Zilmar.
Considerando toda a importância dessa fonte de energia elétrica, a questão ambiental também se aplica. Ao gerar 1 MW em termelétrica movida a carvão, a quantidade de CO² jogada na atmosfera é de uma tonelada.
Para o gerente de bioeletricidade da UNICA, duas medidas poderiam ser adotadas para a retomada imediata da biomassa.
No curto prazo, depois de 2014, a geração de energia de forma sazonal na entressafra com os preços interessantes do PLD. Na emergência, o cavaco de madeira poderia ser uma alternativa utilizada como insumo. Esse avanço teria impacto para baixo nas tarifas de energia.
Já para longo prazo, o ideal seria a aplicação de uma política para a bioeletricidade e o etanol, com ainda mais aprimoramento nos leilões, o que elevaria a concorrência com as termelétricas movidas a carvão e gás.
“O resultado da biomassa seria a redução significativa das tarifas de energia elétrica para os consumidores. Estamos pagando altos valores pelo socorro prestado pelas termelétricas a carvão e gás, o que poderia ter sido poupado se os investimentos em biomassa e demais renováveis, excluindo a eólica, não fossem interrompidos no passado”, finaliza.
O MME aponta para a entrada em operação, até 2018, de 1.750 MW de energia gerada através de usinas térmicas, volume já contratado, e outros 2.400 MW até 2023.
Nos últimos dez anos, a capacidade instalada de usinas térmicas a biomassa teve um incremento de 8.362 MW.
Térmicas em operação
No País, atualmente, são quase 2 mil usinas termelétricas, responsáveis pela geração de quase um quarto da capacidade total.
São Paulo tem a Usina Piratininga, potência de 190 MW -, Açucareira da Serra (localizada entre as cidades de São Carlos e Ibaté) e Euzébio Rocha – em Cubatão.
Santa Catarina, em Capivari de Baixo, fica localizado o maior complexo termelétrico movido a carvão da América Latina: o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, formado por três usinas térmicas movidas a carvão, com capacidade instalada total de 857 MW.
Minas Gerais traz a usina Termelétrica de Juiz de Fora, em Minas Gerais, a primeira global operando com etanol e da Petrobras. A potência instalada é de 87 MW, o parque gerador foi responsável pela produção média de 4.761 MWdia. Ainda em Minas Gerais está em operação a Ibitermo, instalada no município de Ibirité desde 2002.
A Usina Termelétrica Campina Grande está na Paraíba como reserva energética, entrando em operação apenas quando ocorre falha no sistema elétrico da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). Possui dez geradores em ciclo térmico simples.
Ainda no Nordeste está a Vale do Açu Jesus Soares Pereira, mais conhecida como Termoaçu. Localizada em Alto do Rodrigues, no Rio Grande do Norte, produz energia elétrica e vapor d’água – utilizado na extração de petróleo da região, cujo combustível é o gás natural.
Termonuclear
No Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra Reis, estão as usinas termonucleares, Angra I, 640 MW, Angra II, 1.381 MW, e Angra III, 1.405 MW, que segue em obras e com previsão de entrada em operação em 2018.
Petrobras
Atualmente, a energia gerada nas termelétricas do parque da Petrobras para o Sistema Interligado Nacional (SIN) complementa a geração hidrelétrica. São 21 usinas termelétricas com gestão da Petrobras, das quais 18 geram energia a partir do gás natural. Destas, sete são bicombustíveis, podendo gerar também com óleo diesel ou óleo combustível e, no caso da UTE Juiz de Fora (MG), com etanol. Três usinas geram somente a partir do óleo combustível. Atualmente, 10 usinas operam em ciclo combinado, utilizando, além do gás natural, vapor para gerar energia, e cinco operam em sistema de cogeração, gerando vapor para processos industriais.
A Petrobras tem também participação em cinco usinas termelétricas que estão sob gestão de terceiros. Destas, uma gera energia elétrica a partir do gás natural, uma é bicombustível, podendo gerar com gás natural ou óleo combustível, e três geram a partir do óleo combustível. A capacidade total do Parque Termelétrico Petrobras, incluindo a energia ponderada pela participação em usinas sob gestão de terceiros, é de 6.944 MW.
Fonte: (Setor Energético)