A Tailândia pode priorizar a produção de arroz, reduzir a de açúcar e isso ajudará a recompor os preços internacionais do adoçante.
Os produtores tailandeses têm motivos de sobra para migrar para o arroz: o mercado deve registrar o segundo déficit consecutivo neste ano e, apesar das cotações do cereal terem continuado sob pressão nos últimos meses, por conta dos elevados estoques globais, os preços devem melhorar.
O arroz tende a substituir parte da produção de açúcar por outro motivo: o adoçante passa pela quinta safra seguida de superávit.
“Muitos agentes neste mercado vêm mudando de opinião e se tornando altistas para os preços do cereal em vista da situação dos estoques tailandeses e da probabilidade de ocorrência do El Niño”, diz João Paulo Botelho, analista da consultoria INTL FCStone.
Além do efeito climático, a precária situação das reservas do grão pode acelerar uma virada nos preços internacionais deste produto. De acordo com a consultoria, isso poderia ajudar na volta de uma tendência de alta nos preços mundiais do açúcar, que estão nos menores níveis desde 2008.
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Mas como isso seria possível?
Através de uma mudança na política atual do governo tailandês, que poderia reduzir seu apoio à produção do adoçante, dessa forma ajudando de forma decisiva nesta reversão nos próximos anos.
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Leia o que diz o analista da INTL FCStone: “o quadro de excesso de oferta no mercado internacional já vem se revertendo, em vista principalmente da elevação da demanda. Na nossa estimativa, o superávit da safra 2014/15 será de apenas 502 mil toneladas.”
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Vai e vem
Ao longo dos últimos anos, a elevação dos estoques de arroz na Tailândia – maior exportador global do cereal – e os baixos preços do produto no mercado internacional levaram o governo do país a incentivar cada vez mais a produção de cana-de-açúcar, de forma a reduzir as “montanhas de arroz” nas quais o país se atolava.
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Contudo, após o excesso do produto em 2012/13, os estoques do cereal tailandês devem terminar a safra 2015/16 em apenas 6,3 milhões de toneladas, queda de mais de 50% em apenas três anos.
Enquanto isso, as reservas de açúcar devem continuar se elevando e alcançar a máxima de 6,2 milhões de toneladas, mais do que dobrando em relação a quatro safras atrás.