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Tereos se "arma" contra o efeito do câmbio na dívida

Tereos se "arma" contra o efeito do câmbio na dívida

Com mais de 80% de sua dívida em moeda estrangeira, a Tereos Internacional, que no Brasil controla a sucroalcooleira Guarani, se “arma” para passar pela turbulência cambial em curso. Em entrevista ao Valor, o diretor para o Brasil do grupo Tereos, Jacyr Costa Filho, diz que a companhia tem um caixa reforçado, de R$ 1,180 bilhão, e que está protegida com a receita em dólar que está por vir decorrente de exportações de açúcar. Em 31 de março deste ano, a companhia tinha a vencer no curto prazo dívida bancária de R$ 1,6 bilhão – já 15% mais elevada que há um ano devido ao rally cambial.

Na quarta-feira, um dia depois da divulgação dos resultados, os papéis da empresa na BM&FBovespa amargaram queda de 17,82%, enquanto o Ibovespa recuou 1,32%. Em entrevista ao Valor, o diretor para o Brasil do grupo Tereos, Jacyr Costa Filho, afirmou que a companhia, que tem operações na Europa, África e Ásia, tem acesso a crédito mais barato fora do Brasil, e que não terá dificuldades em equacionar o aumento do endividamento de curto prazo, inflado pela desvalorização do real frente ao dólar e ao euro – de 40% e 20%, respectivamente -, no último trimestre da safra.

Se for considerada toda a dívida bancária da companhia (curto e longo prazos), o aumento em 12 meses foi de R$ 624 milhões: em 31 de março de 2014, estava em R$ 4,027 bilhões e um ano depois, em R$ 4,651 bilhões. Ao fim do primeiro trimestre deste ano, a empresa informava que 57% de sua dívida bruta era denominada em dólar, 24% em euro, 18% em real e 1% em outras moedas.

Costa filho lembrou ainda que, diferentemente do que ocorre neste momento no Brasil, a liquidez na Europa está maior. “Estamos tendo suporte das instituições financeiras credoras no refinanciamento de nossos débitos”. Ele menciona a renegociação de US$ 330 milhões de dívida da Guarani no fim do ano passado com um pool de bancos estrangeiros a uma taxa menor que a vigente no financiamento original.

Na última quarta-feira, além de um aumento do endividamento, a companhia apresentou em seu balanço um prejuízo líquido de R$ 106 milhões no 4º trimestre do ciclo 2014/15, ante perda de R$ 8,1 milhões em igual intervalo de 2013/14. No acumulado do ano-safra, o resultado líquido foi negativo em R$ 139 milhões, frente a um lucro de R$ 33 milhões no ciclo 2013/14.

Outros indicadores vieram igualmente negativos, como o Ebitda – que caiu 72% no trimestre e 19% no ano-safra. Consequentemente, o nível de alavancagem, medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda, aumentou para 5,5 vezes, contra 3,7 vezes em 31 de março de 2014.

Além desses resultados, também chamou a atenção do mercado a comunicação, apenas no 4º trimestre, de problemas relacionados à performance industrial. Na visão de fontes que acompanham o segmento, essa informação já teria que estar disponível a investidores no máximo na divulgação dos resultados do 3º trimestre, uma vez que foi quando a moagem foi concluída.

“As razões do resultado ruim estão na performance industrial. Nós não conseguimos gerar todo o bagaço de cana que gostaríamos. Tivemos perdas industriais e aumento de custos por interrupções. Foi um problema gerencial, mas agora estamos com equipe nova “, afirmou Costa Filho. Sobre a divulgação apenas ao fim do 4º trimestre, a Tereos explicou que teve perdas industriais durante toda safra 2014/15.

(Fonte: Valor Econômico)