Ela pode atingir 6 (seis) metros de altura, tem potencial para produzir 300 toneladas por hectare e representa uma nova era no setor sucroenergetico. A cana energia, ou “supercana”, desenvolvida após melhoramentos genéticos, está em fase avançada de pesquisa e já gera novos desafios. Num setor em crise, a colheita da variedade irá demandar novos equipamentos ou adaptações nos atuais.
Desenvolvida nos últimos seis anos pelo Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), ela tem como principais características um alto índice de fibras e de biomassa (fonte para a geração de energia térmica a ser convertida em energia elétrica), diferentemente da cana tradicional, que possui mais sacarose e é utilizada para produzir açúcar e etanol.
Daí ser chamada de “cana energia”, por ser mais própria para produzir energia térmica e elétrica ou etanol de segunda geração, a partir da palha e do bagaço da cana. A previsão é que chegue ao mercado em três anos, de acordo com o pesquisador Mauro Xavier, do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico de Campinas),.
Em relação à cana-de-açúcar comum, a diferença visual é clara: a “supercana” é mais grossa e chega a quase o triplo de altura –a tradicional atinge até 2,2 metros de altura. O rendimento também é muito maior, já que a convencional atinge a média de 80 toneladas por hectare.
ESPÉCIE SELVAGEM
Para chegar à variedade, pesquisadores partiram de uma espécie selvagem. Foram feitos cruzamentos com canas tradicionais, e os “descendentes” foram selecionados até chegar ao material com esse perfil. Se ela emplacar no mercado, um desafio será encontrar colheitadeiras e maquinário que tenham condições de cortá-la e levá-la até as usinas.
Uma possibilidade discutida é evitar que ela atinja a altura e peso máximos e, com isso, em vez de uma safra a cada 12 meses, poderia ser colhida em sete ou oito meses, com duas safras em 15 meses. “É um grande desafio”, afirma Xavier. A contratação de boias-frias para a “supercana” foi descartada pelo setor.
Embora tenha como foco a energia, ela até pode ser usada para fabricar açúcar, mas o rendimento será menor. “Nela, a sacarose não é tão essencial. O melhoramento teve como meta acumular biomassa rapidamente e elevar a fibra”, afirma o pesquisador.