Às vésperas de ganhar a destilaria da Empresa Azucarera San Buenaventura (ESBA), com capacidade para 100 mil litros de etanol por dia, o setor sucroenergético da Bolívia é marcado pela polêmica.
O problema aflige os produtores de cana-de-açúcar, que integram forte segmento no país regido por um presidente, Evo Morales, pautado pelos critérios socialistas.
O Estado, que também controla a ESBA, prioriza o setor de fornecedores particulares da matéria-prima do açúcar e do etanol. Isso fortificou esse importante elo da cadeia sucroenergética local.
As condições das operações, no entanto, esbarram em várias turbulências. Assim como ocorre com o setor no Brasil, na Bolívia a oferta mundial de açúcar acima da demanda também derruba preços, em prejuízo para os produtores locais.
Este portal já noticiou que usinas locais recorreram ao governo de Morales para pedir socorro financeiro. Do contrário, seria difícil moer neste 2015.
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Agora é vez dos fornecedores. Incertos sobre os rumos de uma safra incerta, produtores da região de Bermejo acabam de criar a Associação de Produtores Canavieiros Independentes de Bermejo (Aprocib).
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O objetivo, conforme um dos membros da entidade, Gilberto Salazar, disse para a imprensa da Bolívia, é discutir diretamente a oferta de cana desses produtores com a Industrias Agricolas de Bermejo (IABSA), tradicional compradora da matéria-prima regional.
A Aprocib nasce com peso: 70 associados e 45 mil toneladas de cana.
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A questão é que também tradicionalmente os ‘cañeros’, como são chamados os canavieiros, sempre foram representados por duas entidades de classe, a Feprocab e a Fecasur. Em tom de guerra, elas fizeram chegar à imprensa de que não permitirão o ingresso de cana na IABSA porque essa oferta estaria fora do sistema.
O ‘fora do sistema’, no caso, é que a nova entidade estaria informal, sem a documentação necessária para virar pessoa jurídica.
Enquanto a polêmica prossegue, o setor sucroenergético da Bolívia amarga mais um capítulo às vésperas da safra 15/16.