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Bolsa do Rio inaugura, em setembro, o pregão de créditos de carbono

Depois de cinco anos sem realizar pregões, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, controlada pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), vai voltar a respirar o ar dos negócios. No próximo dia 15, a instituição dará início ao seu mercado de créditos de carbono, tornando-se a primeira do planeta a comercializar este tipo de título.

Atualmente, existem outras duas bolsas – Londres (ECX) e Chicago (CCX) – que negociam títulos relacionados à emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), mas diferentes dos que serão comercializados no Brasil. O gerente de Projetos Especiais da BM&F, Guilherme Fagundes, explica que na Inglaterra são comercializadas “permissões” dentro dos parâmetros do Protocolo de Quioto (acordo internacional que prevê a redução da emissão de gases causadores do Efeito Estufa nos países desenvolvidos).

“Ou seja, as empresas que não atingiram suas cotas de poluição vendem o excedente para aquelas que ultrapassaram. A bolsa de Londres não trabalha com créditos provenientes de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)”, diz.

Já em Chicago, os parâmetros usados estão fora dos propostas pelo Protocolo de Quioto, pois os EUA não ratificaram o acordo. “No Brasil, serão negociados os créditos provenientes de projetos no âmbito do MDL. O que é um novo mercado a ser formado”.

A primeira etapa da nova bolsa será criar um pré-mercado onde serão listados projetos que já foram validados por órgãos de certificação e projetos que ainda não foram aprovados, mas que são uma promessa de boa geração de créditos de carbono. Na outra ponta, será formado um cadastro de possíveis compradores. A estimativa da bolsa é de que os negócios deverão começar no início de 2006.

De acordo com dados da consultoria KPMG, desde o início do ano, já foram comercializados mais de 20 milhões de créditos de carbono (permissões) no mercado europeu. O preço da tonelada mais que duplicou no período. No final da primeira quinzena de março de 2005, era comercializada a € 11 e, em julho, a € 28,60.

Dados do Banco Mundial, no entanto, estimam um valor menor para os créditos de carbono vinculados a projetos de MDL: de US$ 3 a US$ 7. Mas para o coordenador do projeto da bolsa, Virgílio Gibbon, da FGV Projetos, este preço pode subir. “Existe uma demanda aquecida por estes títulos. O pregão também vai oferecer mais transparência aos projetos, que terão de passar pelo crivo da instituição para serem comercializados. O interessado na compra, desta forma, terá mais garantias em relação ao projeto e isto proporcionará melhores cotações”, comenta Gibbon.

O projeto da BM&F foi desenvolvido em parceria com o Ministério do Desenvolvimento de Indústria e Comércio Exterior e a Fundação Getulio Vargas.