A agência de classificação de risco Fitch rebaixou os ratings de Probabilidade de Inadimplência do Emissor (IDRs) em moedas estrangeira e local da sucroalcooleira Jalles Machado para “B+”, de “BB-“ e seu rating nacional de longo prazo para “A-(bra)” de “A+(bra)”. O corte reflete o enfraquecimento do perfil financeiro da companhia devido à combinação de reduzida posição de caixa e maior concentração da dívida no curto prazo.
A Fitch também removeu a observação negativa dos ratings da Jalles Machado e atribuiu perspectiva negativa.
Conforme a agência, o risco sistêmico do setor brasileiro de açúcar e etanol continua alto, em decorrência do pedido de recuperação judicial da Aralco S.A. Indústria e Comércio (Aralco) e de problemas financeiros da Virgolino de Oliveira S.A. Açúcar e Álcool (GVO), que busca reestruturar sua dívida.
A Fitch não espera que o índice de cobertura da dívida de curto prazo da Jalles Machado na safra atual melhore significativamente, apesar da projeção de aumento da posição de caixa como resultado da bem-sucedida estratégia de formação de estoques para aproveitamento dos maiores preços do etanol durante a entressafra.
Conforme a agência, a liquidez de curto prazo da empresa deve se beneficiar, em 2015, da venda de 65% da Codora Energia Ltda. (Codora) para a Albioma Participações do Brasil (Albioma). Apesar disso, a venda, de certa forma, “enfraquece o perfil de negócios da companhia a longo prazo”, conforme a Fitch.
Na visão da agência, a perspectiva negativa reflete as preocupações quanto às perspectivas de médio prazo do setor brasileiro de açúcar e etanol. Os preços de ambos os produtos devem permanecer sob pressão, apesar das melhoras na dinâmica do setor de etanol em 2015, frente a 2014.
O setor está altamente exposto a riscos climáticos, e a geração de fluxo de caixa operacional mais robusto na nova safra, que se encerra em 31 de março de 2016, dependerá amplamente de condições climáticas favoráveis, como as do início de 2015, explica a agência.
Os ratings da Jalles Machado, no entanto, continuam beneficiados pelo forte modelo de negócios e por robustas margens operacionais. A companhia conta com uma carteira de produtos de alto valor agregado, que inclui açúcar orgânico de marca e cristal, assim como a parcela remanescente de sua produção de energia. “A empresa se beneficia de incentivos fiscais na venda de açúcar e etanol e dos preços relativamente baixos do arrendamento de terras. Os ratings incorporam o forte desempenho agrícola da companhia devido aos seus adequados investimentos em canaviais, ao uso de irrigação em relevante parcela de sua área de colheita e a autossuficiência em cana-de-açúcar, o que explica a menor volatilidade da geração de fluxo de caixa operacional da companhia em comparação a muitos de seus pares”, afirmou a Fitch em relatório.
Apesar de acreditar a Jalles Machado vai apresentar uma restauração de sua posição de caixa referente ao ciclo encerrado em 31 de março, a Fitch prevê que a cobertura caixa/dívida de curto prazo permanecerá fraca, mantendo altos riscos de refinanciamento. Em 31 de dezembro de 2014, a Jalles Machado reportou posição de caixa de R$ 92 milhões e dívida de curto prazo de R$ 324 milhões, proporcionando 0,28 vez de cobertura.
“Isso se compara desfavoravelmente aos R$ 132 milhões de caixa e aos R$ 246 milhões de dívida de curto prazo reportados em 31 de março de 2014. A Fitch acredita que em 31 de março de 2015 a Jalles Machado reportará posição de caixa em torno de R$ 170 milhões, resultando em índice caixa/dívida de curto prazo inferior a 0,50 vez.
(Fonte: Valor Econômico)