Quando falamos de hábitos e padrões, temos em mente que são fatores sempre perseguidos como boas ferramentas para o sucesso dos modelos de gestão, ou mesmo da condução do nosso trabalho, da nossa vida, das nossas buscas. Realmente, a padronização, assim como o hábito, conduzem a resultados como sistematização, disciplina metodológica, organização, correção e qualidade, cumprimento de tarefas de forma eficiente e eficaz, entre outros pontos positivos.
O hábito, por exemplo, agiliza e economiza nosso tempo, garante muitas vezes a qualidade do que tem que ser feito ou entregue, e até apoia pessoas que precisam construir uma melhor forma de trabalhar, de exercer suas atividades na vida profissional e pessoal. Hábitos e padrões são didáticos
Repetimos padrões que aprendemos; habituamos a fazer coisas e a nos valer de exemplos que nos dão segurança. Isto tem parte positiva sim, como citei acima, mas também é preciso que não deixemos de refletir sobre a acomodação, a repetição sem evolução e o equívoco ou falta de discernimento sobre o que e a quem copiar, e até onde, seguindo seus padrões e hábitos, e o quanto isto acrescentará na nossa vida e na de quem nos rodeia.
O ser humano, embora carregue uma riqueza de capacidades para inovar, tentar, experimentar, mudar, ousar, etc., acaba por achar mais seguro ou mais fácil repetir formas aprendidas, sem questioná-las ao longo dos tempos. Li num artigo que metade do que fazemos no dia a dia deriva de nossos hábitos e não de intenções deliberadas.
Trazendo essa reflexão para o assunto Liderança e a responsabilidade maior sobre ser a referência e modelo para alguém, é importante que se reforce a preocupação de que nem sempre os hábitos e padrões repetidos e reconhecidos são construtivos e garantem a segurança que as empresas precisam ter quanto à multiplicação do seu capital humano e intelectual. Muitos dos comportamentos hoje vistos e que têm sido replicados de forma assegurada na ideia, por exemplo, de que “time que está ganhando não se mexe”, um paradigma familiar a todos nós, são destrutivos e equivocados. E estes têm prejudicado a evolução das relações de trabalho, do clima organizacional, da maturidade dos profissionais e do seu comprometimento com a responsabilidade adulta sobre o fazer dar certo, buscando formas, opções e alianças construtivas para que isso aconteça.
Um bom hábito deve ser praticado e até copiado, contanto que possamos ter a clareza da hora que precisamos transcender e buscar novas fontes, novos caminhos e apoios. Isto é crescimento. Padrões também são necessários, mas não são o fim em si. Não adianta perseguirmos padrões por imposição, se a intenção por trás deles, a força do coletivo em prol de um resultado construtivo e sustentável, não for entendida e praticada por todos.
Bons hábitos têm que ser estimulados, replicados e referenciados. E viram padrões que ajudam no crescimento e evolução. Maus hábitos também viram padrões, infelizmente, mas devem ser questionados, eliminados e utilizados somente como exemplo do que não devemos fazer ou perseguir.
A cultura de uma empresa é repleta de bons e maus hábitos. Por isso que hoje é instrumento de estudo para entendimento do comportamento das pessoas e é parâmetro para medição da evolução das relações humanas e do trabalho. Nesse quesito é preciso sempre lembrar: o que deu certo um dia, não garantirá o sucesso futuro, se não for adaptado e revisado conforme as tendências do momento em questão.
Nossa reflexão como adultos – a de sempre: temos repetido, e estimulado a repetição, de hábitos e padrões sem o olhar cuidadoso para os resultados que essa conduta pode estar causando? Temos agido e avaliado as repercussões de imediato? Ou temos simplesmente feito e repetido aquilo que parece estar dando certo, ou pelo menos não incomodando muito?
Disse Eugênio Mussak num artigo recente: “um ato repetido vira um hábito, e o hábito vira um destino”. E nós somos responsáveis por ele.