Mercado

Exportação de petróleo aumenta, mas consumo interno não

O bom desempenho da balança comercial do setor de petróleo, um dos principais responsáveis do recorde de exportações do Brasil em julho, esconde um dado negativo: a estagnação do consumo de combustíveis. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a venda de derivados pelas distribuidoras cresceu apenas 0,5% de janeiro a maio de 2005, ante uma alta de 6% no mesmo período de 2004.

O setor de petróleo foi responsávelpor 43,5% do aumento nas exportações do País em julho, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). No primeiro trimestre, a Petrobrás já havia comemorado um resultado positivo, que deve repetir-se no balanço do segundo trimestre.

“É inegável que o esforço exploratório da Petrobrás tenha resultado em aumento da produção este ano, mas a curva de consumo apresentou uma desaceleração muito forte”, avalia o consultor Jean-Paul Prates, da Expetro Consultoria. De fato, com apenas duas plataformas, a Petrobrás conseguiu produzir mais 300 mil barris de petróleo por dia este ano.

Mas, segundo a ANP, as vendas não acompanharam o ritmo: as distribuidoras venderam, até maio, 35,2 bilhões de litros de combustíveis, próximo dos 35,07 bilhões do mesmo período de 2004.

A Petrobrás teve aumento de 3% nas vendas de combustíveis no primeiro semestre, diz o diretor de Abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa.

Mas ele reconhece que parte do volume não resulta de novos consumidores, mas da eliminação de outras fontes de suprimento: as centrais petroquímicas reduziram a produção de gasolina; não há mais formuladores de combustíveis no País; e o aperto à adulteração reduziu o volume de solventes e álcool misturados à gasolina.

A estagnação do consumo, na avaliaçãodo mercado, é provocada por uma piora no cenário econômico. Esse quadro pode facilitar o esforço brasileiro de atingir a auto-suficiência no setor, que a Petrobrás espera para 2006. Mas cria o risco de que essa conquista não seja sustentável, alerta o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE).

MANGUINHOS

A Refinaria de Manguinhos deve parar de produzir combustíveis hoje. Segundo a empresa, a última carga de petróleo duraria até esta madrugada.

Depois, não há mais óleo para refinar. A companhia informou que mantém a distribuição e logística de combustíveis e não há definição sobre o futuro dos cerca de 500 empregados.