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Álcool: demanda superará 14 bilhões/l e 54% do ‘mix’, diz Ferraz

O presidente da trading Crystalsev, João Carlos Figueiredo Ferraz, afirmou hoje que as fortes demandas interna e externa pelo etanol levaram o setor a rever a previsão de consumo do combustível, de 13,5 bilhões para 14 bilhões de litros, na safra 2005/2006 no Centro-Sul do Brasil.

Para suprir essa estimativa de consumo, usinas da região estão destinando 54% do processamento para a produção do álcool, porcentual que pode até ser maior dependendo do cenário até o final do período de moagem, em novembro.

“O álcool gerou uma demanda muito forte e reverteu a expectativa de que a safra atual fosse mais açucareira”, afirmou Ferraz. Uma série de fatores, na avaliação do executivo, determina essa mudança no cenário da safra. O presidente da Crystalsev cita, entre eles, o preço do petróleo próximo aos US$ 60,00 o barril, a consolidação do mercado de veículos flex fuel e avaliação do governo federal de que o gás natural deva ser destinado às usinas termoelétricas para minimizar os riscos de um apagão ao final desta década.

“Como preço do petróleo no atual patamar, abriu-se um mercado muito bom para o álcool na indústria química em substituição ao nafta, sem a perda de qualidade e com mais economia. Só para a Índia, já exportamos cerca de 500 milhões de litros de etanol para outros fins”, exemplificou Ferraz. “Já no mercado interno, a aceitação popular dos flex fuel é incrível e as conversões de veículos a GNV (Gás Natural Veicular) caíram muito com a tendência de o uso do gás ser priorizado, no setor de transportes, para veículos coletivos”, completou.

O aumento da produção do álcool levará à natural redução da produção do açúcar, o que deve forçar ainda mais o aumento do preço da commodity no mercado externo. Na Bolsa de Nova York, os contratos futuros do açúcar seguem em alta acima de 9 cents por libra-peso graças, em parte, à demanda. “A reação será ainda maior até o final do ano, porque o Brasil é o principal produtor mundial. Uma redução na produção de açúcar aqui pode parecer pequena para nós, mas é grande para esse mercado”, concluiu o presidente da Crystalsev, que citou o câmbio como o único ponto fraco no atual cenário.

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