Maior produtor e exportador de açúcar, respondendo por 17% do mercado mundial e por 32% das exportações, o potencial do setor sucroalcooleiro nacional aguça o apetite das multinacionais, em particular das européias que estão às voltas com a meta de redução de subsídios ao derivado de beterraba. É o caso da alemã Südzucker .
Segundo agências internacionais, a direção da companhia – maior produtora individual de açúcar no mundo e uma das líderes na do derivado de beterraba – teria confirmado investimentos em território nacional para compensar os possíveis efeitos negativos da reforma do setor açucareiro da União Européia (UE).
O volume da produção anual da Südzucker no Brasil oscilaria entre 300 e 500 milhões de toneladas de açúcar. No primeiro trimestre de 2005, o lucro operacional avançou 3,3% para 126 milhões de euros.
Segundo o diretor da Datagro Consultoria , Plínio Nastari, caso o interesse da multinacional alemã se confirme efetivamente (há pelo menos dois anos a companhia sinaliza interesse no Brasil), a empresa possui tecnologia e know-how suficientes para produzir açúcar a partir da cana.
Na avaliação do consultor, não haveria sentido investir na produção de açúcar a partir da beterraba no Brasil. “Além de não haver clima adequado para a cultura, a cana-de-açúcar é mais viável economicamente.”
Outra alemã que pretende fincar raízes no Brasil é a Nordzucker . O mercado trabalha com informações de que a multinacional chegaria ao território nacional por meio da Copersucar .
Segundo o diretor da área de fusões da KPMG Corporate Financial , Luis Lopez, o Brasil combina vários fatores que funcionam como chamariz para as multinacionais açucareiras. “Por um lado, temos as perspectivas de crescimento nas exportações de açúcar brasileiro em virtude das recentes decisões favoráveis ao País no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) e contrárias aos subsídios à produção européia. Aliado a isso, existe a perspectiva de crescimento nos embarques de álcool, em virtude da legislação de diversos países exigindo a adição do combustível derivado da cana à gasolina.”
Ainda segundo o executivo da KPMG, outra questão de forte influência na atração de investimentos é o custo de produção brasileiro, um dos mais baixos do mundo para esses produtos.
Lopez exemplifica com o número de transações ocorridas em 2004 e as perspectivas para este ano. “No ano passado, tivemos cinco operações com empresas multinacionais no setor, entre elas as dos grupos Coinbra/Louis Dreyfus e Tereos . Em 2005, já foram firmadas outras quatro transações entre aquisições e arrendamento. Acredito que até o fim do ano, poderemos chegar a cinco ou oito negociações no setor.” Além do interesse internacional, Lopez lembra que pelo menos 40 novos projetos de usinas estão em andamento ou sendo planejados, o que demonstra o potencial da cadeia sucroalcooleira brasileira.