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Desafio tecnológico foi gerar energia para as duas operações

Desafio tecnológico foi gerar energia para as duas operações

O principal desafio tecnológico de adicionar à usina de cana-de-açúcar uma processadora de milho foi o desenvolvimento de um sistema de geração de energia que pudesse alimentar a operação durante 365 dias por ano, incorporando o milho na entressafra e ainda produzindo no mesmo período eletricidade excedente para ser comercializada, afirma o diretor-geral da SJC Bioenergia, Abel Uchoa.

O ponto-chave foi implantar secagem do bagaço da cana – que fica estocado a céu aberto – para que ele pudesse ser queimado durante a entressafra, sem perda de eficiência. “A solução foi ‘reprocessar’ o bagaço para retirar a umidade, por meio de uma cadeia de aproveitamento de vapor do próprio processamento de milho”, explica Uchoa.

Afora esse maquinário para processar o grão, todas as estruturas da usina de cana, tais como equipamentos para fermentação, destilação, tanques, cogeração e tratamento de água, foram integradas para receber os dois processos.

Operar durante 365 dias só foi possível, segundo Uchoa, porque a unidade de Quirinópolis foi implantada com dois módulos, ou seja, com duas caldeiras, dois geradores e duas turbinas. “Enquanto é feita a manutenção em um módulo, o outro segue funcionando”, acrescenta.

Goiás é um dos maiores produtores de milho do país, com uma colheita estimada em 7,5 milhões de toneladas no ciclo 2014/15, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Além de comprar o grão de produtores locais, a SJC Bioenergia pretende cultivar milho em área própria e também estimular seus fornecedores a aderir à cultura nas áreas de renovação anual de cana – equivalentes a 17% dos canaviais.

O presidente do conselho de administração da SJC Bioenergia, Marcelo Andrade, afirma que, quando o projeto começou a ser concebido, há cerca de dois anos, havia viabilidade com o milho a até R$ 23 a saca. Mas na época, diz ele, o litro do etanol na entressafra estava na casa de R$ 1,250 por litro. “Agora, nesta entressafra, o etanol está em R$ 1,50 por litro, o que, certamente, elevou a margem de retorno do negócio”, afirma Andrade. No entanto, o executivo observa que o projeto tem como principal vantagem a possibilidade de gerar mais receita com o mesmo custo fixo.

Além dos investimentos industriais, a SJC Bioenergia também vai construir um silo com capacidade para estocar 9 mil toneladas de grão por dia. O DDGS também será estocado para ser vendido durante o período de seca, quando a disponibilidade de pasto para engorda de bovinos é menor, informa Andrade. A estimativa da empresa é de que a produção de DDGS na primeira etapa será da ordem de 70 mil toneladas. Quando a unidade estiver operando a plena carga, esse volume vai alcançar 110 mil toneladas.

Além da usina São Francisco, a SJC Bioenergia controla uma outra usina de cana em Cachoeira Dourada (GO), que produz apenas etanol. Juntas, elas processaram 6,857 milhões de toneladas de cana em 2014/15. Só a São Francisco moeu 4,7 milhões de toneladas, produzindo 350 mil toneladas de açúcar e 160 milhões de litros de etanol.

(Fonte: Valor Econômico)