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Biodiesel é nova aposta do Brasil em energia limpa

Uma das alternativas viáveis para conter a poluição e conseqüentemente o agravamento do efeito estufa é o uso de combustíveis renováveis, como o biodiesel. A alta no preço do petróleo e a previsão de esgotamento dessa fonte de energia é outro fator que apontada para o desenvolvimento de energias limpas.

O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis. Pode ser obtido em uma reação química entre óleos vegetais ou gorduras animais e álcool comum (etanol) ou metanol. O biodiesel pode ser extraído de várias espécies vegetais produzidas no Brasil, como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso, soja, entre outros.

Esse combustível pode substituir total ou parcialmente o óleo diesel proveniente do petróleo – principal fonte de energia no Brasil. O petróleo corresponde a 43% da produção energética no país – seguido pela biomassa, 27%, e energia elétrica, 14%. “Ao se conseguir um substituto para o diesel, que é majoritário dentro do item petróleo, a matriz brasileira vai ficar muito mais limpa” – é o que afirma o coordenador do projeto Biodiesel Brasil, Miguel Dabdoub.

Aposta no biodiesel – Em entrevista ao Ecoterra Brasil, o engenheiro mecânico Thomas Renatus Fendel afirma que o biodiesel é uma forma transitória entre o fóssil e a era solar das bioenergias. “O biodiesel é algo bom, ótimo, mas eu acredito que se pode usar o óleo vegetal natural”. Ele defende a criação de motores que funcionem com óleo vegetal. “Não se precisa adaptar o óleo ao motor, mas o motor ao óleo”.

Fendel acredita ainda que o Brasil esteja atrasado no desenvolvimento de tecnologias para produzir energias renováveis. “Deveríamos ter deslanchado nestas energias há muito mais tempo – o Brasil deu um exemplo para o mundo com o Pró Álcool, mas infelizmente o brasileiro não deu valor. Agora o mundo todo está apavorado atrás de álcool” – analisa.

Em janeiro deste ano, o Congresso Nacional aprovou a lei 11.097, que institui a mistura compulsória de 2% de biodiesel ao diesel fóssil partir de 2008 (essa junção é conhecida como B2). Até 2013, a mistura deverá ser elevada para 5% (B5 – o algarismo corresponde à porcentagem de do combustível limpo acrescentada ao diesel de petróleo). O biodiesel puro é conhecido como B100.

Assim como já há no mercado carros bi e até tricombustíveis, é possível adaptar um motor para funcionar com óleo vegetal, explica o engenheiro. Na Alemanha, já existem mais de 20 mil carros andando com esse tipo de combustível. No entanto, adverte, um motor feito para funcionar com vários combustíveis não vai ser tão bom quanto aquele planejado para usar apenas um tipo.

Tecnologia conhecida – Estudos com biodiesel são realizados no Brasil desde a década de 70. Em 1983, pesquisadores já faziam testes em veículos movidos com o combustível proveniente de óleo de soja misturado a diesel de petróleo. Caminhões e ônibus rodaram mais de um milhão de quilômetros para comprovar a viabilidade técnica do biodiesel. Na época, a produção foi desestimulada pelos baixos preços do petróleo. Realidade que é bem diferente hoje, 20 anos depois.

O preço do barril de petróleo está cotado em torno de U$ 50 e a previsão é de em poucos anos passe a ser comercializado a U$ 100. O deputado federal Antônio Carlos Mendes Thame, que também é professor de economia da USP, acredita que, para o biodiesel tornar-se competitivo no Brasil, não serão necessários subsídios governamentais gigantescos como os fornecidos na época do Pró Álcool; mas é necessário, sim, a criação de uma política tributária incentivadora.

O exemplo de que este é o caminho a ser seguido vem dos países europeus, principais produtores mundiais, que isentam de tributos o biocombustível com a intenção de incentivar a produção – que cresceu 35% em 2004.