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Sociedade rural brasileira lança comitê de agroenergia e biocombustíveis

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) lançou no dia 5 de julho seu Comitê de Agroenergia e Biocombustíveis. O grupo, que tem como proposta reunir representantes de todos os elos da cadeia produtiva sucroalcooleira.

A SRB tem o objetivo de funcionar como interface política-econômica do setor com autoridades, mídia, mercados e demais públicos com influência direta ou indireta com a atividade, além de promover o relacionamento comercial via canal de negócios.

A cerimônia também marcou a apresentação da Feisucro – Feira Internacional do Setor Sucroalcooleiro, que acontece de 07 a 10 de novembro em São Paulo, e conta com apoio da SRB.

Presidido pelo empresário Maurilio Biagi Filho, o grupo tem como prioridade discutir os desafios e identificar oportunidades no mercado mundial de energia limpa, a principal aposta da cadeia sucroalcooleira para os próximos anos. Pérsio Pastre, vice-presidente da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Eduardo Carvalho, presidente da Unica, e José de Sampaio Goés, produtor de cana de açúcar e sócio SRB, são os vices-presidentes.

Para se ter idéia do potencial dos negócios com energia limpa, os biocombustíveis como o etanol de cana-de-açúcar poderão representar 30% do mercado mundial de combustíveis usados para o transporte em 2020, de acordo com as estimativas da AIE – Agência Internacional de Energia. “A busca por energia alternativa é fundamental, já que em 2010 o petróleo irá atingir seu pico de produção”, disse Biagi Filho ao assumir o Comitê.

O forte avanço dos carros flexfuel (bicombustíveis) no Brasil (mais da metade da produção nacional em junho, segundo a Anfavea) e a exigência ambiental para países como EUA, Japão, China, além da União Européia de adicionar álcool à gasolina nos próximos anos (necessidade de 30 bilhões de litros) são os principais pontos de alavancagem deste mercado.

Segundo Biagi Filho, a relação da produção nacional de cana-de-açúcar irá mudar nos próximos anos. Se hoje é razoavelmente equilibrada, a expectativa é que mude, com 60% da matéria-prima sendo destinada ao álcool e 40% dirigida ao açúcar. Atualmente, a produção de cana exigida no Brasil é de 403 milhões de toneladas, das quais 205 mi ton (51%) são para álcool e 198 mi ton (49%) para o açúcar. Para 2010, disse Biagi Filho, o País precisará produzir 560 mi ton a fim de suprir a demanda de 60% para álcool (334 mi ton) e 40% de açúcar (225 mi ton).

Com relação ao álcool, a produção 2005/06 deve atingir 16,8 bilhões de litros, com 13,8 bi litros carburante. A estimativa é que em 2010 o Brasil produza 27,3 bi de litros (21,1 bi carburante). Em termos de consumo, Biagi Filho estimou queda no de gasolina (de 23,6 milhões m3 em 2005 para 22 mi m3 em 2010). Já o de álcool, que está hoje em 5,6 mi m3 subirá para 11,4 mi m3.

Açúcar – No que diz respeito ao açúcar, Biagi Filho disse que o crescimento será menor, haja vista as oportunidades para o álcool. Entretanto, ressaltou que o fim do subsídio europeu ao produto fará com que o Brasil ganhe 50% dos mercados que se abrirão, passando a deter cerca de 40% do mercado mundial.

A projeção é que o Brasil produza 27,2 milhões de toneladas de açúcar neste ano (17,5 mi ton para exportação e 9,7 mi ton para consumo interno). Para 2010, a produção deverá atingir 30,8 mi ton (20,2 mi ton para exportação e 10,6 mi ton para consumo interno).

Perfil – A cadeia produtiva canavieira nacional movimenta cerca de US$ 60 bilhões por ano. É formada por aproximadamente 320 usinas, outras 50 estão sendo implementadas com investimentos da ordem de R$ 20 bi, 65 mil produtores independentes de cana-de-açúcar e 3 milhões de trabalhadores.

Cerca de 300 outros segmentos da economia estão envolvidos com o setor. As exportações do setor devem gerar US$ 3,6 bi no ano-safra 2005/06. Para 2010 a estimativa é que renda US$ 5,5 bilhões.