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Disparada do dólar turbina remuneração do açúcar em reais

Disparada do dólar turbina remuneração do açúcar em reais

Os balanços divulgados na última semana por algumas das companhias sucroalcooleiras com capital aberto na BM&FBovespa confirmaram o efeito positivo do dólar nos preços em reais do açúcar. Todas as empresas apresentaram uma precificação média maior em reais para a commodity que será produzida em 2015/16 em relação ao hedge médio alcançado em 2014/15, devido à valorização da moeda americana. Com isso, mesmo com preços em dólar ainda baixos na bolsa de Nova York, o açúcar, em reais, já está remunerando mais do que o etanol.

Conforme levantamento do Valor Data, desde o início da atual temporada, em abril de 2014, o dólar se valorizou 25% frente ao real. Nesse mesmo intervalo, as cotações do açúcar na bolsa de Nova York recuaram 19%.

Alcançar o melhor dessa combinação foi o objetivo das usinas por meio de hedge cambial e de açúcar em bolsa. A Raízen, a maior produtora de etanol e açúcar do país, havia fixado até 31 de dezembro, 998,7 mil toneladas da commodity do ciclo 2015/16 a 46,61 centavos de real por libra-peso, o equivalente a R$ 1,027 mil por tonelada. O valor, alavancado pelo hedge cambial médio de R$ 2,7099 por dólar, supera em 9% o alcançado na venda de açúcar da safra 2014/15, cujo preço médio foi de R$ 942,25 po tonelada, com um hedge de câmbio de R$ 2,3971.

No caso do grupo São Martinho, um dos principais sucroalcooleiros do país, a combinação de hedge de açúcar e câmbio representou preço médio em reais para o açúcar que será produzido em 2015/16 equivalente a R$ 1,050 mil por tonelada, 17% acima dos praticados no acumulado (entre abril e dezembro) da atual temporada, a 2014/15.

O mesmo valeu para a Biosev nos resultados divulgados na última semana. O volume de açúcar do ciclo 2015/16 está até agora precificado a R$ 1,021 mil por tonelada, ante R$ 1,008 mil por tonelada do preço médio de venda de açúcar nos nove meses da safra (abril a dezembro).

A valorização do dólar já inverteu até o momento a relação entre a remuneração trazida por etanol e açúcar. Nos cálculos da consultoria FCStone, na sexta-feira, dia 6 de fevereiro, com a cotação do dólar na casa dos R$ 2,77, o etanol anidro estava remunerando em torno de 6% mais do que o açúcar. Na última sexta, dia 13, com o dólar na casa dos R$ 2,83, o açúcar praticamente empatava sua remuneração com a do anidro e estava 1,25% mais atrativo do que o hidratado, nas contas da consultoria.

O especialista da FCStone, Bruno Lima, observa que o potencial de maximização de preços do açúcar com a combinação de hedge do produto e do câmbio foi um privilégio das companhias mais capitalizadas, com acesso a crédito para realizar essas operações de fixação de preço em bolsa. Ele afirma que a maior parte das pequenas e médias empresas sucroalcooleiras não capturaram a oportunidade da mesma forma.

A falta de financiamento para as usinas realizarem hedge foi uma das razões para o baixo nível de precificação do açúcar feito até agora pelo setor para a próxima safra, a 2015/16, segundo a consultoria Archer Consulting. Em relatório publicado na última semana, a empresa apresentou estimativas que indicam que, até o fim de janeiro deste ano, as usinas brasileiras haviam fixado na bolsa novaiorquina o equivalente a 27,3% do total do açúcar a ser exportado pelo país em 2015/16, um ritmo lento se comparado aos 40% de fixações registrados em igual momento do ciclo passado.

(Fonte: Valor Econômico)

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