Influenciado pelo desempenho da indústria nacional, abaixo do esperado, o consumo de energia no Brasil cresceu 2,2% em 2014, na comparação com 2013, o pior resultado em cinco anos. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (30) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia.
“O segmento que frustrou as expectativas foi a indústria, cujo desempenho foi muito inferior àquele então previsto”, diz relatório da EPE. De acordo com a entidade, a queda no consumo de energia pela indústria no segundo semestre de 2014 foi maior que o previsto, chegando a -5,4%.
“Com isso, a previsão de o consumo industrial de energia atingir 186,9 TWh [terawatt-hora] no ano de 2014 foi frustrada em 2,2 TWh, o que equivale à geração anual de uma usina hidrelétrica de 450 MW.”
Segundo a EPE, o total de eletricidade utilizado pela indústria brasileira em 2014 foi de 178.055 gigawatts-hora (GWh), 3,6% menos que em 2013. Esse resultado, portanto, foi puxado pelo menor consumo no segundo semestre do ano passado, que reflete a queda da produção industrial no Brasil, reflexo da desaceleração da economia.
A EPE aponta que o resultado está alinhado com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram que, entre janeiro e novembro de 2014, a produção da indústria caiu 3,2%.
Baixa generalizada
Segundo o relatório, inicialmente a queda no consumo industrial estava limitada aos setores que mais demandam o insumo, como o metalúrgico. Entretanto, a situação “se agravou ao longo do ano, principalmente no segundo semestre, estendendo-se aos demais segmentos e refletindo-se no consumo de eletricidade industrial como um todo.”
Entre os principais segmentos que registraram retração no uso de eletricidade no ano passado, além do metalúrgico, estão as indústrias química e automotiva.
“A queda na produção de aço bruto e de laminados, de 0,7% e 5,5%, respectivamente, conforme dados do Instituto Aço Brasil, afetou diretamente o consumo de energia do setor metalúrgico, em especial nos estados do Maranhão, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro”, diz a EPE.
“A indústria química por sua vez, programou várias paradas ao longo do ano, afetando o consumo de energia do setor, especialmente em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Ainda, a produção de veículos automotores (ônibus, caminhões e veículos leves) recuou ao longo de todo o ano, encerrando 2014 com queda de 15,3%.”
Comércio, serviços e residências
No total, o Brasil consumiu 473 mil GWh em 2014, 2,2% mais que no ano anterior. O setor de comércio e serviços liderou o aumento da demanda, que cresceu 7,3% ante 2013.
Entre os fatores que contribuíram para expansão do consumo de energia comercial estão, segundo a EPE, o aumento no número e a ampliação de shopping-centers, a modernização e crescimento do movimento em aeroportos, além da expansão da rede hoteleira.
Já as residências brasileiras elevaram o consumo de energia no ano passado em 5,7%. De acordo com o relatório, o consumo médio por residência no país, que entre dezembro de 2013 e março de 2014 havia passado de 163 para 166 kilowatts-hora (kWh), atingiu no final de 2014 167 kWh por mês.
“Certamente contribuiu para este resultado a expansão da posse e intensificação do uso de condicionadores de ar, fato que ficou evidenciado na forte elevação do consumo de energia nos meses de janeiro e fevereiro, sobretudo no Sul e Sudeste do país”, diz a EPE.
Ainda de acordo com o documento, o país ganhou em 2014 2 milhões de novas unidades consumidoras de energia, expansão de 3,1%.