A Granol vai instalar no Rio Grande do Sul sua quinta unidade para industrialização de soja, aproveitando a estrutura desativada da Centralsul, esmagadora que foi paralisada há mais de 20 anos em Cachoeira do Sul, a 196 quilômetros de Porto Alegre (RS). A previsão inicial é processar 1.000 toneladas por dia, com investimento de R$ 5 milhões na reforma da fábrica e modernização dos equipamentos, descreveu o diretor industrial da Granol, Juan Diego Ferrés.
A segunda fase de investimentos da Granol, que receberá incentivos fiscais do governo gaúcho, prevê ampliar a capacidade da fábrica para 1.500 toneladas por dia em 2006 ou 2007, com investimento de R$ 20 milhões. Além de aumentar a capacidade, a empresa irá estudar duas alternativas, que poderão ser simultâneas: produzir óleo de soja e embalagens ou biodiesel. A produção do combustível dependerá da nova legislação do setor e da viabilidade econômica.
A Granol tem fábricas em Osvaldo Cruz, Tupã e Bebedouro, em São Paulo, e Anápolis, em Goiás. A companhia espera faturar US$ 300 milhões este ano – com dólar médio em R$ 2,50 – e esmagar 1,250 milhão de toneladas de soja. A companhia exporta 45% das vendas, a maior parte em farelo de soja. Ao avaliar as perspectivas para a próxima safra de soja no Rio Grande do Sul, depois da quebra de 72% no último verão, Ferrés disse que a empresa acredita na recuperação da lavoura. “A expectativa é que as adversidades não durem para sempre”.
A companhia já começou a reformar a fábrica arrendada da Centralsul, disse Ferrés, mas a intenção é comprar a unidade. O negócio depende da solução de uma dívida da Centralsul com o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). O banco não informa o valor da dívida ou os detalhes em negociação, que estariam resguardados pelo sigilo bancário.
A intenção é pagar a dívida com a venda da unidade, explicou o prefeito de Cachoeira do Sul, Marlon dos Santos (PFL). Ele aproveitou a assinatura de um protocolo hoje entre a Granol e o governo gaúcho – pelo qual o Estado garante o benefício fiscal à empresa – para pedir ao governador Germano Rigotto (PMDB) agilidade na negociação.
Antes de decidir a compra da unidade, a Granol analisou a possibilidade de adquirir apenas os equipamentos, repetindo uma operação que realizou há quatro anos, com uma fábrica desativada em Canoas (RS). Na época, a Granol levou os equipamentos existentes para Goiás, onde instalou sua fábrica. Foram necessários 164 caminhões para o transporte, lembrou Ferrés.
Além da fábrica da Centralsul, a Granol pretende usar a estrutura portuária da unidade, que fica às margens do rio Jacuí, para embarcar soja com destino ao porto de Rio Grande. A área também poderá servir para a ampliação da estrutura industrial e para a instalação da planta de biodiesel. A área do porto, no entanto, é uma concessão federal transferida ao Estado. Para ser utilizada pela empresa, precisaria ser alvo de nova concessão.