A União da Indústria de Cana-de-açúcar avaliou de forma positiva a retomada da cobrança da Cide e de PIS/Confins sobre a gasolina e o diesel, anunciados na segunda-feira (19/1) pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A direção da entidade concedeu nesta terça-feira (20/1) uma entrevista coletiva para manifestar seu posicionamento sobre as medidas.
A cobrança da Cide será de R$ 0,10 sobre o litro da gasolina e de R$ 0,05 sobre o do diesel. Já o PIS/Cofins passa a ser de R$ 0,12 por litro da gasolina e de R$ 0,10 sobre o diesel. “A Cide é menor do que pode chegar, mas é uma sinalização importante”, disse a presidente da Unica, Elisabeth Farina. “A questão do PIS/Cofins vai na mesma direção de estabelecer uma diferença tributária que melhora a competitividade do etanol”, acrescentou.
Elisabeth Farina lembrou que essa diferenciação no regime tributário era uma reivindicação que a indústria de cana vinha fazendo ao governo. No entanto, evitou precisar o real peso das medidas. Segundo ela, ainda depende de fatores como o comportamento do mercado e a própria política de preços que a Petrobras vai adotar.
Em nota divulgada ainda na segunda-feira (19/1), a petrolífera informou que Cide e PIS/Cofins serão repassados para o preços da gasolina e do diesel nas refinarias. Diante disso, em princípio, a Unica acredita em um aumento da gasolina nas bombas. O diretor técnico, Antônio de Pádua Rodrigues, avalia que nem distribuidoras nem postos vão querer diminuir suas margens. A saída, então, será o repasse para o consumidor.
“Acontecendo isso, pode haver uma mudança na paridade com a gasolina, tornando o etanol mais atrativo. Será mais vantajoso usar etanol”, afirmou Pádua. De acordo com ele, as usinas têm estoques para abastecer o mercado até o fim de abril “com oportunidade de preços melhores”.
Mais à frente, Pádua enxerga a possibilidade de uma próxima safra (2015/2016) ainda mais alcooleira e também de maior renovação dos canaviais. O efeito seria percebido na safra 2016/2017, que deve ter “um canavial mais novo que os atuais”. O deste ano está quase pronto para a colheita, lembrou o diretor técnico.
A Unica considera como necessária a renovação de pelo menos 18% das lavouras a cada ano. No entanto, diante da atual situação econômico-financeira do setor, esse índice tem ficado abaixo. “O plantio depende do clima e da situação financeira das companhias. Se houver um clima mais apropriado para plantar e se a empresa tiver um pouco mais de caixa, pode retomar a renovação dentro da média histórica”, disse Padua.
Apesar da avaliação positiva, a direção da Unica ainda considera prematuro falar em retomada dos investimentos e da atividade de usinas de açúcar e etanol. Segundo Elisabeth Farina, ainda é preciso uma melhor percepção sobre a estabilidade e a previsibilidade das medidas anunciadas para o setor de combustíveis.
“Primeiro é preciso reverter o fechamento de usinas e ter uma política com mais previsibilidade. A diferenciação tributária vai na direção certa, mas não é uma política para o setor. Nossa agenda continua”, ressaltou, acrescentando que ainda pretende discutir com o governo a retomada da alíquota integral da Cide sobre a gasolina.
Para ela, é preciso “enxergar de uma forma mais clara na política governamental” a matriz energética e, dentro dela, o papel do etanol. Elisabeth lembrou que o setor também discute o posicionamento da eletricidade de biomassa nos leilões de energia. A indústria reivindica tratamento diferenciado em relação a outras fontes, como a eólica. Na visão da Unica, a participação de diversas fontes em um mesmo leilão desequilibra a concorrência.
A presidente da entidade informou que a direção da entidade deve se reunir com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, para discutir assuntos relacionados ao setor. E informou ter se reunido recentemente com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu. “Nossas negociações com o governo vêm de tempos com os Ministérios. E aos poucos vamos conversando com os novos ministros”, disse.
(Fonte: Globo Rural)