PROER, significa um Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, implantado pelo governo Fernando Henrique para ajudar os bancos, mas agora seria adaptado ao setor sucroalcooleiro.
O setor de cana-de-açúcar, hoje, está na pior condição dentre todas as cadeias produtivas do agronegócio brasileiro. O setor deve, simplesmente, 110% da própria safra. Ou seja, deve mais do que arrecada em um ano.
Roberto Rodrigues, ex-ministro, hoje presidente do Conselho da UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar, quando perguntado sobre o que houve? O Lula adorava o setor e foi um dos seus grandes vendedores internacionais, e a atual Presidenta Dilma nem o recebe para dialogar? Roberto Rodrigues coloca: “ninguém consegue entender o que aconteceu com a presidente da República, que sequer conversa com esse segmento. Ela conversa com pessoas, líderes, empresários, não com o segmento de forma articulada.”
A curto prazo o setor está recebendo um apoio para o Prorenova (Financiamento de Renovação dos Canaviais), crédito para o setor, análise do aumento da mistura do etanol na gasolina (saindo de 25% para 27,5%). Ainda se espera o retorno da CIDE – Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, que alimentaria o setor, ou parcela dele, contando com R$ 0,28 por litro de gasolina. Porém, o drama do segmento está no aspecto econômico, com a dimensão da dívida, e com a margem do etanol, em função dos preços da gasolina. Adicionando a isso uma oferta maior mundial de açúcar, onde o Brasil é o maior produtor, ocorre uma crise, um desequilíbrio.
Tudo isso agravado por erros na gestão da política interna brasileira no ramo. Importante também questionar a competência da própria liderança de um setor que movimenta mais de R$ 70 bilhões, e de importância estratégica no país e no mundo, permitir que sua situação chegasse ao ponto que chegou, como categoria, como um todo. E, lógico, nesse processo rústico e crítico de seleção forçada, alguns players sairão muito mais fortalecidos do que a maioria, na eterna e angustiante velha Lei de Pareto, 20% dos mais fortes contam por 80% do montante do todo. Uma nova liderança com o ex-ministro Roberto Rodrigues, com certeza, será de extrema valia na reorganização do setor.
Numa estratégia mais duradoura, o setor precisa aprender a se comunicar melhor entre si, com as instituições e com a sociedade. Pesquisas realizadas pela ABAG/ESPM, em 2014 com eleitores brasileiros, constataram ser o etanol uma fonte de orgulho nacional, ser muito desejado principalmente por contribuir decisivamente na menor poluição das grandes cidades.
Porém, esse mesmo eleitor, apaixonado pelo sucesso do etanol brasileiro desconhece totalmente o enrosco em que o setor foi metido, também, e em grande parte, por um malfeito de política energética, associada a interesses de controle de inflação, onde o calo apertaria mais, ou seja, no preço dos combustíveis. Além disso, precisamos colocar definitivamente as usinas para fazer bioeletricidade, e estabelecer um plano estratégico e de marketing para todo esse complexo bioenergético brasileiro, onde o trópico Brasil pode e deve falar mais alto no mundo.
Sobre o PROER, tema que Roberto Rodrigues encaminha, mas que também ressalta: “não há unanimidade nisso, não seria para todo mundo, pois têm empresas que cometeram seus próprios erros… meu papel será principalmente o de desenhar uma estratégia de longo prazo para o papel da agroenergia na matriz energética do país” (O Estado de S. Paulo 4/01/2015).
Provavelmente o que pode salvar e dar um destino mais seguro ao setor no país, esteja muito mais na orquestração de uma competente liderança, o resto, significam apenas meios, ferramentas e instrumentos, os quais, como sempre, irão depender do talento e integridade dos seus gestores.
Boa Sorte Presidente Roberto Rodrigues!
(Fonte: José Luiz Tejon Megido – Exame)