Mesmo com o recuo nas cotações das commodities, o governo espera elevar em 6,2% as exportações nacionais de grãos neste ano. Isso porque a desvalorização de 18% no preço da soja é parcialmente compensada pela alta de 15% na cotação do dólar, explicou ontem a ministra da Agricultura, Kátia Abreu. “Não tenho preocupação em relação ao comércio exterior”, garantiu.
Kátia Abreu e os ministros dos Portos, Edinho Araújo, e dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, anunciaram ontem medidas para evitar que o escoamento da nova safra seja marcado por filas de caminhões nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Mesmo não sendo a opção mais econômica, as duas instalações ainda são as mais utilizadas para a exportação de grãos no País.
Para esses dois terminais, o governo promete aperfeiçoar o sistema de agendamento que, no ano passado, ajudou a reduzir o custo do frete em 7%, segundo cálculos oficiais. De manual, o sistema passará a ser eletrônico.
O governo também promete credenciar mais um pátio para que os caminhões aguardem autorização até ingressar nos terminais. “Essa iniciativa lançada no ano passado deu resultados positivos”, disse Edinho Araújo. A ministra Kátia Abreu estimou uma economia da ordem de 70% na taxa paga às embarcações pela demora no carregamento.
Nos portos do Norte do País, o problema não é fila, mas acesso aos terminais. Uma das principais vias, a BR-163, ainda não está totalmente asfaltada até o porto fluvial de Miritituba (PA).
O asfaltamento dessa rodovia se arrasta há 40 anos, como reconheceu o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, Anivaldo Vale.
As obras de pavimentação estão contratadas, mas estimase que só estejam concluídas no fim de 2016. Por ora, o governo lançará mão de soluções paliativas, como o cascalhamento da via e a oferta de tratores para desencalhar caminhões.
O governo deverá também ampliar as áreas disponíveis no porto de Vila do Conde (PA), próximo de Belém, para construção de novos terminais privados.
Está na Casa Civil uma minuta de decreto presidencial modificando a demarcação de área (chamada “poligonal”), de forma que poderão ser implantados mais três ou quatro terminais privados na área.
O plano do governo prevê ações integradas das três pastas para enfrentar o desafio de exportar parte das 202 milhões de toneladas de grãos previstas para a safra 2014/2015 produzidas no País. A estimativa é que apenas o complexo soja seja responsável pelo embarque de 64,2 milhões de toneladas de grão e farelo neste ano.
Entre as ações anunciadas pelos ministros, está a utilização de 426 embarcações nas hidrovias Madeira e Tapajós. As barcaças compõe o sistema de transporte do chamado Arco Norte, corredor logístico que o governo tenta fomentar na região para reduzir a pressão sobre os portos de Santos e Paranaguá, principais portas de saída para o agronegócio.
(Fonte: Jornal do Comércio)