Exportações para o Japão têm potencial de crescimento de 186% As exportações brasileiras para o Japão têm condições de se ampliarem em até 186%, segundo a Japan External Trade Organization (Jetro), órgão oficial do governo japonês, vinculado ao Ministério da Economia, Comércio Exterior e Indústria (METI), principalmente por conta das possibilidades de vendas de álcool para suprir a demanda a ser criada com a obrigatoriedade de mistura de álcool com a gasolina naquele país.
“Caso seja adotada a mistura de álcool de 3% na gasolina, a expectativa é de que as vendas do produto ao Japão possam atingir 1,8 bilhão de litros, um volume maior do que todo álcool etílico exportado pelo Brasil em 2004, que foi de 1,7 bilhões de litros e em valor US$ 461,3 milhões”, afirmou o analista da entidade, Alexandre Uehara.
Ele considera o álcool foi a maior novidade no relacionamento comercial entre os dois países. As exportações brasileiras para o Japão, de 161,3 milhões de litros de álcool, no valor de US$ 40,2 milhões, em 2004, significaram um crescimento de 112% em relação a 2003.
“Esse é um produto que tem gerado grandes expectativas de aumento no valor das exportações brasileiras para o Japão, em razão da possibilidade de sua adoção para uso combustível naquele país”. No entanto, o álcool brasileiro é apenas utilizado na indústria, basicamente a de alimentos e de fármacos. Por motivos políticos, envolvendo petroleiras, o Japão ainda não decidiu o que vai fazer com seu combustível.
Segundo a União da Agroindústria Canavieira (Unica), o percentual de 3% de álcool no combustível pode se elevar a 10% por ser a forma mais rápida de reduzir de poluentes, ação prevista no Protocolo de Kyoto.
Na opinião do economista Julio Borges, da consultoria Job , especializada em agribussines de açúcar e de álcool, o álcool brasileiro nunca teve tamanho potencial, principalmente por causa da alta do preço do petróleo. “Além do Japão, a Coréia do Sul e China também são excelentes candidatos a importadores asiáticos”, disse o economista.
Para o analista Alexandre Uehara, da Jetro, é necessário colocar outros produtos, além dos principais produtos primários que têm elevada participação de na pauta brasileira de vendas para o Japão. Frangos, minério de ferro e alumínio representaram 45% das exportações brasileiras para o Japão em 2004.
“Ao somar os dez primeiros produtos mais exportados, chegamos a uma concentração de 70%. Para os Estados Unidos, por exemplo, a soma dos três primeiros produtos alcança 14,5%, e a soma dos dez primeiros, a 31%”, comparou.
Viagens direcionadas
Na visão de Alexandre Uehara, é preciso reavaliar as relações diplomáticas entre Brasil e Japão. As viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveriam ser direcionadas aos países asiáticos com mais freqüência, segundo ele, pois os habitantes do bloco têm alto poder de consumo. O analista da Jetro disse ainda que, segundo os relatórios de viagens do presidente brasileiro, a região da Ásia aparece em quinto lugar entre as mais visitadas. Ele ressalta que há uma concentração nos países das Américas, com mais da metade do total das 56 visitas já feitas pelo presidente a outros países.
“O fato pode ser explicado pela importância econômica e política dos países dessa região, pois, em termos comerciais, as Américas representaram 46% do total das exportações brasileiras em 2004”, acrescentou. Segundo ele, a participação européia, com quase 20% das visitas, também pode ser explicada da mesma forma, pois a região representou 29% das exportações em 2004.
Segundo os cálculos desse analista, as duas visitas do presidente Lula à região asiática representam apenas 3,6% do total das viagens. As nove viagens ao continente africano representam 16%, e as cinco idas ao Oriente Médio equivalem a quase 9%. No caso dos países americanos e europeus, a importância das relações econômicas coincide com o maior número de visitas,
mas no caso dos asiáticos não.
No aspecto temporal, a primeira visita do presidente fora do eixo Américas-Europa foi aos países africanos em novembro de 2003 (São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Namíbia e África do Sul); e a segunda para países árabes, em dezembro de 2003 (Síria, Líbano, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líbia). E a primeira vista à Ásia ocorreu somente em maio de 2004, com a ida do presidente à China. E um ano depois aos outros dois importantes parceiros econômicos da Ásia – Coréia e Japão.
“As visitas feitas para os países africanos refletem a política comercial brasileira de se buscar novos mercados. Porém, ao se constatar que a participação brasileira é de apenas 0,8% do total das importações japonesas, será que não se pode considerar o mercado do Japão ainda como um novo mercado ao Brasil?”, questiona. Ele acrescenta, que o poder de compra dos consumidores japoneses, em torno de US$ 36 mil, o que ele considera “muito acima daqueles dos países visitados, o que significa que o Brasil ainda tem muito a conquistar”.