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Exportação do agronegócio terá 2ª desaceleração em 15 anos

os sacos de açúcar são descarregados por caminhões no armazém da empresa, em seguida, são colocados por funcionários em esteiras transportadoras que levarão a carga até o novo shiploader, no cais
os sacos de açúcar são descarregados por caminhões no armazém da empresa, em seguida, são colocados por funcionários em esteiras transportadoras que levarão a carga até o novo shiploader, no cais

As exportações do agronegócio vão registrar a segunda desaceleração em 15 anos. Após beirar US$ 100 bilhões em 2013, o setor deverá render perto de US$ 95 bilhões.

A outra queda havia sido em 2009, quando, após os preços excepcionais de 2008, a balança sofreu os efeitos da intensa crise financeira mundial daquele ano.

Os US$ 5 bilhões a menos que o agronegócio vai exportar farão falta no saldo da balança comercial, que deverá ficar negativo. Se isso se confirmar, será o primeiro deficit da balança comercial desde 2000, quando a conta foi negativa em US$ 697,7 milhões.

Já o superavit do agronegócio, que era de US$ 9,8 bilhões em 1990, veio subindo continuamente, até atingir US$ 82,9 bilhões em 2013.

O saldo menor do agronegócio neste ano se deve a uma perda de ritmo das exportações de alguns dos principais produtos brasileiros. Já as importações estão em queda.

Projetando os dados apurados pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) até a segunda semana deste mês, dois dos grandes destaques nesse recuo das receitas são açúcar e milho.

O cereal, após exportações acumuladas de US$ 6,3 bilhões no ano passado, deverá somar US$ 4,1 bilhões neste ano, com perdas de US$ 2,2 bilhões.

A receita recorde do ano passado ocorreu porque o Brasil havia ocupado o vácuo deixado pela quebra de produção nos EUA. Tanto que as principais perdas de exportações deste ano ocorrem nos mercados do Japão, da
Coreia do Sul e de outros países importadores de milho.

As perdas com açúcar somam US$ 2,1 bilhões neste ano, apesar de uma pequena recuperação nas vendas neste mês. O mercado mundial caminha para uma oferta mais próxima da demanda, ao contrário do que ocorria nos últimos três anos.

O fim desse deficit mundial derrubou os preços e reduziu a procura pelo produto. A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) estima que, depois das exportações de 27,1 milhões de toneladas em 2013, o país coloque 24,6 milhões de toneladas no mercado externo neste ano. Enquanto o volume exportado deverá cair 9%, as receitas deverão recuar 19%.

Mas, apesar do ano difícil da economia mundial, vários setores do agronegócio trazem um saldo maior de dólares para o país neste ano. Entre eles estão as carnes, que deverão atingir o recorde US$ 17,6 bilhões, acima dos US$ 16,8 do ano passado.

Entre os motivos do avanço estão a disponibilidade de produto no Brasil e a elevação de preços. Ao contrário do que ocorreu em outros países produtores, que estão com produção mais enxuta, o Brasil ampliou a produção.

O mesmo corre com o café, cuja liderança nas exportações é do Brasil. Neste ano, serão 36 milhões de sacas exportadas, com receitas de US$ 5,5 bilhões.

O líder nas exportações do agronegócio, o complexo soja, mantém receitas de US$ 31 bilhões neste ano, patamar semelhante ao de 2013.

Cana – A moagem de cana desta safra 2014/15 deverá ficar em 562 milhões de toneladas na região centro-sul, 6% menos do que na anterior, segundo Julio Maria M. Borges, da JOB Economia e Planejamento.

Consumo – As vendas de etanol sobem para 24,5 bilhões de litros, 8% mais do que na safra anterior. Já as de hidratado crescem 11% no período.

Minério de ferro – Os preços médios obtidos nas exportações deste mês estão em US$ 54 por tonelada, segundo a Secex. No mesmo período do ano passado, estavam em US$ 101. Com a queda, as receitas deste ano recuam para US$ 25 bilhões -15% a menos.

(Fonte: Folha de S.Paulo)

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