Projeções do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), apontam que entre o fim deste ano e março de 2015 as chuvas em São Paulo ficarão em torno da média, com ligeiro acréscimo da temperatura.
Esse volume de água, no entanto, será insuficiente para a recomposição dos reservatórios e pode prejudicar as safra agrícola no Estado. As análises, feitas a partir de dados do IAC e de órgãos especializados, levam em consideração o déficit hídrico no Estado ocorrido em igual período, entre o fim de 2013 e o início de 2014.
O levantamento do IAC realizado em 13 regiões do Estado de São Paulo mostrou, por exemplo, uma redução de mais de 50% nas chuvas nas regiões de Ribeirão Preto e Campinas, que registraram, em 2014, a pior estiagem em 77 anos e 123 anos, respectivamente. Até mesmo em Ubatuba, no Litoral Norte paulista, o total pluviométrico foi 18% inferior ao esperado no período, segundo o pesquisador do IAC Orivaldo Brunini.
Segundo o pesquisador, as chuvas dentro da média até março de 2015 “indicam cenário agravante para o período de abril a setembro de 2015, época de redução acentuada de chuvas em quase todo o território paulista”, informou Brunini, ressaltando que a seca em 2014 se prolongou até outubro, com picos de estiagem naquele mês, além de março e julho.
“Em outubro iniciou-se a estação chuvosa e as anomalias em torno da média histórica deveriam ser zero ou próximo a este valor. Porém, o índice de precipitação ficou abaixo do esperado, com pouquíssimas localidades com anomalias positivas”.
O pesquisador explicou que outros períodos de seca já ocorreram no Estado, como em 1954, 1961, 1963, 1974, 1985 e 2001. “Nossos dados apontam que este é, sem dúvida, um dos piores episódios de seca registrados. Isso se intensificou pelo alto grau de urbanização, aumento populacional, falta de preservação dos recursos naturais, entre outros fatores. Assim, é de extrema importância o estabelecimento de programas e políticas públicas para promover a segurança hídrica”, afirma.
Agricultura
Entre as culturas agrícolas prejudicadas pela seca, a maior preocupação é com a cana-de-açúcar, da qual São Paulo é o maior produtor do País. O impacto da estiagem pode ocorrer nas regiões de Ribeirão Preto, Araçatuba e São José do Rio Preto.
Para as culturas de inverno, que exigem irrigação, não há indicação de recuperação de bacias hidrográficas, o que pode afetar a produção de batata e tomate. O desenvolvimento das lavouras de citros e de café pode ser afetado se o aumento de temperatura ocorrer acima do normal.
(Fonte: Estadão Conteúdo)