Mercado

Rodrigues quer compensação para o Brasil na Alca

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse ontem em audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, da Câmara dos Deputados, que o Brasil está na Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e precisa de uma compensação, já que os Estados Unidos resistem em discutir seus subsídios agrícolas antes que o assunto seja tratado pela OMC (Organização Mundial do Comércio). O ministro prevê que vão continuar as disputas no âmbito da Alca, em particular entre o Mercosul e os Estados Unidos.

O ministro disse ainda que a Alca é uma alternativa importante para as exportações do agronegócio brasileiro, que hoje representa 42% das nossas vendas externas. Ele aproveitou para fazer uma avaliação positiva da reunião ministerial de Miami, há uma semana, quando ficou acertada a abertura de mercados do continente.

Rodrigues destacou ser consenso universal que o crescimento do comércio externo representa uma das poucas alternativas de retomada do desenvolvimento para qualquer país. E lembrou que, em anos anteriores, o comércio internacional viveu grande crescimento, mas de dois anos para cá está praticamente do mesmo tamanho, o que tem produzido estagnação econômica em vários países.

Um dos efeitos negativos da globalização econômica, segundo Roberto Rodrigues, tem sido o aumento da exclusão social e da concentração de renda, em todos os continentes, o que ameaça a paz e a democracia no mundo. Portanto, o desafio é encontrar elementos que reduzam a distância entre ricos e pobres, para o que, segundo o ministro, a “abertura agrícola” é fundamental.

O ministro acentuou que, diante da revolução tecnológica mundial dos últimos anos, que implicou ganhos de produtividade, o Brasil tem necessidade de investimentos fortes em infra-estrutura, para evitar problemas futuros na exportação de grãos. O ministro destacou que a agricultura brasileira já demonstrou sua pujança e suas possibilidades com o expressivo crescimento de 25 milhões de toneladas/ano na produção de grãos.

Mas o deputado federal João Herrmann (PPS-SP) aproveitou a audiência pública da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional para colocar em dúvida se a abertura de novos mercados é solução suficiente, e reclamou uma política agrícola, que a seu ver não existe há uma década. Para ele, antes de conquistar mercados externos é preciso definir uma política de produção, de escoamento, de comercialização e de geração de valor agregado. (Fonte: Agência Câmara)