Fonte: Agência BrasilApós um período de desaceleração, no início do segundo semestre, as vendas de combustíveis no país voltaram a crescer no país. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as distribuidoras de derivados de petróleo venderam 120,1 bilhões de litros até outubro, alta de 5,7% com relação ao mesmo período do ano anterior. A expectativa é que, mesmo com o fraco desempenho da economia, o mercado brasileiro de combustíveis volte a bater recorde de vendas este ano, mantendo um ciclo de alta que dura desde 2004.
“As vendas de carro cresceram nos últimos anos, a gasolina estava barata e o transporte coletivo é ruim: tudo conspira para que o consumo de combustíveis continue crescendo”, analisa o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. De fato, o crescimento das vendas tem sido puxado pelos combustíveis do que abastecem veículos de passeio. As vendas de gasolina, por exemplo, chegaram, nos dez primeiros meses do ano, a 36,6 bilhões de litros, crescimento de 7,9% com relação ao mesmo período do ano passado. Em agosto, a alta na mesma base de comparação era de 7,2% em um indicativo de retração com relação ao início do ano, quando o índice chegou a bater 11%.
As vendas de diesel apresentam comportamento semelhante: chegaram a registrar alta de 5,8% em fevereiro, mas desaceleraram até 2,3% em agosto. As estatísticas mais recentes, que incluem outubro, mostram recuperação para uma alta de 3% no ano, com o volume acumulado de 50,4 bilhões de litros. Combustível usado no transporte de cargas, o diesel costuma apresentar maior aderência às variações da atividade econômica, comenta Pires.
“Com a crise, começam a cair as vendas de combustíveis mais ligados à indústria, como diesel e óleo combustível”, diz ele. “Mas com o aumento de preços, pode ser que haja uma desaceleração nos combustíveis automotivos”, completa.
Os dados da ANP foram coletados ainda antes dos reajustes promovidos pela Petrobras no início de novembro — que aumentaram o preço do diesel em 5% e a gasolina em 3%, movimento que pode dar maior espaço ao etanol. Nas bombas, a alta até a primeira semana de dezembro foi de 2,43% no caso da gasolina e de 4,16% no caso do diesel, segundo levantamento semanal de preços feito pela ANP. Atualmente, os preços dos dois combustíveis estão mais caros no Brasil do que no mercado internacional, garantindo à Petrobras a recuperação de parte das perdas que acumulou com a defasagem nos últimos anos.
O aumento das vendas de gasolina e diesel tem sido suportado sem mais importações. Segundo dados da Secex compilados pela ANP, as compras externas de combustíveis caíram 2,7% nos primeiros 10 meses do ano.
Usinas esperam retomada das vendas de etanol
As estatísticas da ANP sobre vendas das distribuidoras mostram que o etanol hidratado é o único combustível automotivo que permanece em ritmo de desaceleração: depois de crescer 26,2% em janeiro, registra alta de 10,7% no acumulado do ano, o menor percentual dos 10 meses pesquisados. Entre janeiro e outubro, as distribuidoras de combustíveis venderam 10,4 bilhões de litros de etanol hidratado.
O mercado, porém, espera uma recuperação do ritmo de crescimento com a perspectiva de aumento percentual da mistura do biocombustível na gasolina, além da eventual retomada da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), aponta análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) divulgado ontem. “O número de negócios efetivados nos últimos dias foi expressivo, com usinas se mantendo firmes quanto aos valores pedidos”, afirma o texto.
Entre 1º e 5 de dezembro, o Indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado foi de R$ 1,2638 por litro (sem impostos). O preço do anidro (misturado à gasolina) fechou a R$ 1,3897 por litro. Fonte do governo consultada pela Reuters recentemente disse que está em análise o aumento da alíquota da Cide sobre combustíveis, zerada desde 2012. De acordo com a fonte, além de gerar receita anual superior a R$ 10 bilhões, o tributo vai melhorar a competitividade do etanol no mercado brasileiro.
Fonte: Brasil Econômico