O Banco Central prevê que o ritmo de crescimento da economia, apesar da recente acomodação, irá aumentar nos próximos trimestres. É o que diz a ata do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), que na semana passada elevou a taxa básica de juros da economia, a Selic, para 19,75% ao ano.
“A acomodação [do crescimento] observada a partir do último trimestre de 2004 se verifica após um período de crescimento acelerado da economia no qual foi atingido um nível de atividade historicamente elevado”, diz o documento.
No ano passado, a economia teve um crescimento de 4,9%. No primeiro trimestre do ano, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu apenas 0,3%.
Para o BC, o comércio exterior terá um papel importante na sustentação do crescimento da economia neste ano.
“O crescimento das exportações líquidas confirmou o aumento, no período, da importância relativa da demanda externa como fator de sustentação do crescimento da economia. Tendo em vista o comportamento dos indicadores antecedentes da atividade econômica e a consolidação progressiva dos resultados do processo de ajuste implementado desde setembro de 2004, o ritmo de crescimento da economia deverá voltar a acelerar-se ao longo dos próximos trimestres.”
Ainda de acordo com a ata do Copom, o nível de utilização da capacidade instalada da indústria continua elevado e, por isso, a trajetória da inflação irá depender do atendimento da demanda. Um dos temores da autoridade monetária durante o processo de ajuste da taxa de juros, que durou de setembro a maio, era de que a recuperação econômica causasse um reajuste nos preços por parte da indústria –isso pode ocorrer caso a oferta do setor não consiga atender a demanda.
“Em um ambiente em que persiste uma elevada utilização da capacidade instalada em termos históricos, a trajetória da inflação dependerá marcadamente dos desenvolvimentos correntes em prospectivos no tocante à ampliação da oferta de bens e serviços para o adequado atendimento da demanda”, diz a ata.
De acordo com o Copom, o ritmo mais lento de crescimento reflete a queda nos investimentos em maquinário agrícola, que tiveram uma forte expansão no ano passado. Apesar disso, o BC não acredita que essa acomodação irá persistir, mas avisa que continuará atento ao desempenho da oferta nos próximos trimestres.