

Então, não somente a utilização do etanol de cana-de-açúcar demonstra reduções de até 80% quando comparada ao uso de combustíveis fósseis, mas a pesquisa revela que dependendo das práticas de manejo adotadas, a substituição da pastagem pelo cultivo da cana-de-açúcar enriquece a estrutura física do solo. “Isso por promover a sua melhor agregação, resultando em maior porosidade, uma maior infiltração e armazenamento de água”, revela a pesquisa.
O estudo foi realizado por pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena/Usp) em conjunto com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/Usp). O trabalho contou ainda com pesquisadores do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), do Institut de Recherche pour le Développement, na França, e da Harvard University, da Colorado State University e do Shell Technology Centre Houston, nos Estados Unidos.
Carlos Cerri, coordenador do projeto e pesquisador do Cena, afirma que o balanço de carbono do solo de áreas de pastagem convertidas para o cultivo da cana-de-açúcar não é tão negativo quanto se estimava. “Com o passar dos anos, o solo de uma área de pastagem tem um estoque de carbono cujo volume não varia muito. Mas o preparo desse tipo de solo para cultivo de cana, faz com que parte do carbono estocado seja emitida para a atmosfera na forma de dióxido de carbono (CO2).Entretanto, dependendo do tipo de manejo, a introdução da cana em áreas de pastagem pode compensar ou até mesmo aumentar o estoque de carbono inicial do solo quando a matéria orgânica e os resíduos da planta penetram na terra”, lembra.