O governo espera acalmar o mercado financeiro, que reagiu de forma negativa à reeleição da presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira (27), com o anúncio, em breve, do reajuste dos preços dos combustíveis, informou uma fonte no governo, segundo Estadão Conteúdo. Em uma só tacada, a ideia é aplacar o mercado e atender às necessidades de recomposição de caixa da Petrobras, cujas ações na segunda chegaram a cair 12% no dia seguinte do segundo turno.
O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou, porém, que o reajuste deve ser menor do que vem pedindo a presidente da estatal, Graça Foster, nos últimos meses. O Palácio do Planalto ainda não bateu o martelo sobre quando será o aumento de preço, mas o reajuste dos combustíveis está na pauta da reunião do conselho de administração da próxima sexta-feira, dia 31.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que não continuará no cargo no novo mandato de Dilma, já disse que aumentos de preços ocorrerão ainda em 2014, seguindo a tradição de conceder ao menos um reajuste a cada ano. Dentro do conselho de administração, no entanto, não há um consenso de que este seja o melhor momento, já que o preço do petróleo teve forte queda no mercado internacional neste mês de outubro,zerando a defasagem entre os preços da gasolina e do diesel praticados no Brasil e no exterior. Como a Petrobras precisa importar combustível para atender o mercado interno, quando há defasagem entre os preços externo e interno a empresa tem prejuízo.
“Os preços estão ajustados ao mercado internacional, não tem defasagem. Será que o governo vai reajustar com a inflação do jeito que está? A justificativa era a defasagem, agora não acho que o governo arriscaria a meta da inflação. Só vamos saber na sexta-feira”, avaliou o conselheiro Silvio Sinedino, que representa os trabalhadores no colegiado. Segundo o IBGE, a inflação acumulada nos últimos meses está em 6,75%, acima do teto da meta estabelecido pelo governo (6,5%). Obviamente o governo não quer que a inflação oficial de 2014 estoure o teto da meta e, portanto, tomará as medidas possíveis para reduzi-la nos meses que faltam até o final do ano.
A “extensa e dura” pauta prevista para a reunião do conselho passa também pela análise dos resultados da companhia no terceiro trimestre, mantidos em sigilo, e pelas novas denúncias de irregularidades envolvendo a empresa decorrentes das investigações na Operação Lava Jato.
Agenda positiva
Nesta segunda, dia seguinte das eleições, a Petrobras divulgou dois comunicados positivos aos investidores. Antes da abertura das operações financeiras na BM&FBovespa, foi anunciada a descoberta de petróleo na perfuração do primeiro poço do super campo de Libra, pré-sal da Bacia de Santos, que já estava registrada desde sexta-feira, 24, na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).
Em seguida, a Petrobras comunicou a contratação de duas consultorias para investigar casos de corrupção na empresa, tema muito debatido durante a campanha eleitoral e que continuará no centro das atenções nos próximos meses e no ano que vem.
A Petrobras contratou duas empresas independentes para investigar as denúncias de corrupção na estatal feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, em depoimentos à Justiça Federal. As empresas, uma do Brasil e outra dos Estados Unidos, irão apurar a “extensão e o impacto” das irregularidades, segundo comunicado divulgado pela estatal.
O anúncio da contratação, feito nesta segunda após a reeleição da presidente, foi visto como um gesto para resguardar a diretoria de ações criminais e sanções de órgãos reguladores. Também reforça o discurso de Dilma de que o governo está agindo para combater a corrupção.
Mas nada conteve a queda das ações, que se mantiveram em queda durante toda a segunda. As ações preferenciais caíram 12,33% e as ordinárias, 11,34%.
O anúncio de reajustes de preços, de investigação da corrupção ou de novas descobertas no pré-sal talvez não sejam suficientes para mudar o ânimo dos investidores. A percepção é que falta anunciar a adoção de uma política clara de reajuste dos preços da gasolina, que torne os prazos e porcentuais dos reajustes previsíveis, diz Walter De Vitto, da consultoria Tendências. Mas a avaliação do mercado neste momento, segundo De Vitto, é que, reeleita, a presidente Dilma tende a prosseguir com a política de contenção dos preços dos combustíveis.
(Fonte: Brasil Post)