O fim dos subsídios agrícolas ao açúcar europeu e o aumento da demanda internacional de álcool aquecem o setor sucroalcooleiro do Brasil. A produção dos dois derivados de cana-de-açúcar tem potencial para crescer no mercado brasileiro, sobretudo no interior do estado de São Paulo, onde a pecuária ocupa extensa área de terras. De acordo com Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), se a pecuária se tornasse mais produtiva, ampliaria ainda mais a área potencial para plantação de cana na região.
O anúncio da construção de novas usinas, nos últimos meses, sinaliza um avanço do cultivo de cana. Muitas dessas unidades, em fase de implantação, devem contribuir para o aumento do arrendamento de terras mais próximas às indústrias.
Com a perspectiva de crescimento do mercado, empresas industrializadoras de açúcar e de álcool estão adotando diversas estratégias para aproveitar as oportunidades do setor, que movimenta R$ 40 bilhões por ano. Estão investindo em novas unidades, expandindo operações e renovando infra-estrutura. A projeção para até 2010 é de o setor gastar R$ 2,5 bilhões por ano, de acordo com a ProCana – Informações e Eventos. Estes investimentos estão sendo destinados para São Paulo e Goiás, além do triângulo mineiro.
No Nordeste, as empresas locais estão aplicando recursos para aumentar o rendimento agrícola, como irrigação, barragens e drenagens de áreas de várzeas, melhoramento genético, além de co-geração de energia e de pequenas centrais hidrelétricas. De acordo com especialistas do setor, grande parte do potencial de redução dos custos na produção de açúcar está concentrada na agricultura.
Pesquisas com novas variedades, utilização de diferentes técnicas agrícolas e solos mais produtivos permitem o aumento da produtividade. Favorecidas com a logística local, com portos a uma distância de 60 a 80 quilômetros, as usinas instaladas no Nordeste estão empenhadas em aperfeiçoar o sistema de produção. Antes restrita à industrialização de açúcar demerara e refinado, a região também passou a processar açúcar Very High Polarization (VHP).
O desempenho do setor chama a atenção do capital estrangeiro. As companhias alemãs Nordzucker e Südzucker sondam oportunidades para entrar no País. Já presente no Brasil, o capital francês avançou um pouco mais no mercado nacional. O grupo Tereos, fusão entre Beghin-Say e Union DAS, incorporou o restante das ações da Açúcar Guarani. Em maio de 2005, foi a vez da multinacional Cargill entrar no setor sucroalcooleiro, com a compra, por meio de uma joint venture com as tradings Crystalsev e Fluxo, das duas unidades paulistas da Açucareira Corona.