A crise hídrica vivida na região Sudeste tem feito com que formas de geração de energia sejam discutidas. Usinas canavieiras, por exemplo, passaram a produzir energia tanto para o consumo interno como para comercialização, ainda que este último precise ser melhor estruturado pelo governo.
O grande problema é que a entressafra se aproxima e as usinas, além de não produzirem, passarão a consumir energia. De acordo com dados da Unica — União da Indústria de Cana-de-Açúcar, até o final da primeira quinzena de outubro, 22 usinas já haviam encerrado a safra 2014/15.
Humberto Vaz Russi, da Aliança Engenheiros, fala sobre o assunto. “De onde virá essa energia? Os reservatórios de água, grande fonte energética do país, estão cada vez mais secos”, indaga.
Como solução, Russi propõe que seja implantada uma gestão energética nas usinas. “É preciso ser feito um estudo de todos os gastos de energia da empresa. Existem plantas muito antigas, com sistema de iluminação, por exemplo, que gasta demais. Hoje existem postes com sistema solar, que armazenam energia durante o dia e através de baterias iluminam a noite”, diz ele.
E para este investimento, Russi diz que o BNDES — Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social oferece linhas de financiamento específicas para eficiência energética. “Precisamos antecipar os problemas. Não se pode depender apenas do clima e do governo para trabalhar. As usinas precisam se adequar. Essa crise hídrica tem que servir de lição”.
Outro fator importante, lembra o engenheiro, é que com uma melhor gestão energética, além de se manter durante a entressafra, a usina contará com um excedente maior para comercialização durante o período de colheita. “Ser autossuficiente durante todo o ano é fundamental. Imagine que, com outras fontes, a energia gerada pela cana poderá ser um incremento ainda maior para o caixa das usinas”, finaliza.