Apuradas as urnas, acordamos com a constatação de que o Brasil reelegeu Dilma Rousseff para mais 4 anos na presidência do país. Paixões e ideais políticos à parte, é importante avaliar qual impacto deste fato para o futuro do setor sucroenergético brasileiro.
A primeira constatação é de que podemos esperar mais do mesmo no próximo mandato, podendo ocorrer pequenos ajustes seja por conta de pressões dos mercados ou por avaliação dos riscos, especialmente políticos, que determinada decisão pode causar no projeto de poder do PT.
E mais do mesmo significa ver se repetindo o que aconteceu nos últimos anos do atual governo, nos quais a economia perdeu dinamismo, a inflação se manteve teimosamente acima da meta, o mercado de trabalho no setor industrial veio desaquecendo, e até o consumo perdeu a força, demonstrando queda de confiança dos consumidores na condução da economia, conforme dados apresentados pelo ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, no Clube da Cana, evento promovido pela FMC duas semanas atrás.
Pior do que esperar pelo mesmo, é ver crescer a terrível tendência do PT de interpretar a eleição como um aval da população para os “acertos” da gestão de Dilma, o que do ponto de vista da economia seria insistir em erros que mantêm feliz a população incauta, mas que deteriora os fundamentos macroeconômicos e faz, gradualmente, o Brasil perder produtividade, competitividade e até o grau internacional de investimento.
Especificamente para o setor sucroenergético, pode-se esperar uma maior abertura de diálogo por parte da “Presidenta”, o que já seria um avanço considerável, mas não é prudente contar com mudanças significativas que causariam impacto positivo nos resultados das usinas, criando condições para superarem o quadro atual de crise grave e insolvente.
Vencida a esperança, resta aos empresários e executivos antecipar-se a este cenário e adotar estratégias de sobrevivência. Do ponto de vista político, é preciso ser mais contundente na defesa do setor, cobrando e fazendo valer os atributos socioambientais não apenas do etanol, mas de toda a cadeia produtiva. A volta da CIDE seria a primeira bandeira.
Contudo, devemos manter a consciência de que a solução virá da porteira pra dentro, buscando, desenvolvendo e implementando medidas de aumento de produtividade e de rentabilidade.
Minha maior preocupação nesta questão é quanto ao crescente número de desempregados pelo fechamento de usinas, avaliado em mais de duzentas mil pessoas, e seu enorme impacto social nas pequenas cidades do interior do Brasil. Será que o Senai ou o Pronatec conseguem resolver o problema de tanta gente?