

Isso aconteceu porque, em 2013, dois leilões não atraíram geradores em volume suficiente. Eles preferiram apostar na alta do preço no mercado de curto prazo. Com a oferta menor, as distribuidoras não conseguiram contratar o volume de energia necessário para garantir o fornecimento de energia. Tiveram, assim, que recorrer ao mercado de curto prazo. Atualmente, o teto do PLD é de R$ 822,83 por megawatt-hora. Como comparação, o custo médio de geração das usinas que aderiram ao plano de renovação das concessões em 2012 é de R$ 30 por megawatt-hora.
O governo quer reduzir o PLD em até 50%. Algumas possibilidades ainda estão em estudo. Uma delas é trocar a usina que serve de base para o teto –que hoje é a de Camaçari– por uma mais barata. Outra é definir como teto a média ponderada de todas as termelétricas do país. O Ministério de Minas e Energia afirmou que o corte está na pauta de reunião da Aneel, marcada para esta terça (14). A Aneel se pronunciará somente após a reunião. Os efeitos desse corte, no entanto, podem elevar encargos cobrados do consumidor, já que o pagamento das usinas termelétricas é feito pelo custo de operação, calculado pelo governo. Se o Operador Nacional do Sistema define que usinas mais caras que o teto do PLD devem ser ligadas, o custo extra é cobrado na conta de luz.
Se o PLD baixar, portanto, como o custo de operação das térmicas continua o mesmo, cresce essa diferença que é repassada ao consumidor. Cristopher Vlavianos, da comercializadora de energia Comerc, diz que usinas mais caras do que o teto atual somam menos de 500 megawatts de potência. Com um possível corte de 50%, usinas que somam cerca de 10.000 MW (15% da demanda) ficarão acima do novo máximo. “Hoje, os encargos não ultrapassam R$ 40 milhões por mês. Com o corte, isso poderia subir para quase R$ 1 bilhão mensais”, afirma. Outra reclamação é sobre o efeito econômico: com pouca oferta de energia, seu preço deveria subir, o contrário do que irá acontecer.
Ildo Sauer, do Instituto de Energia e Ambiente da USP, diz que a discussão sobre os custos da energia precisam ir além do PLD. Segundo ele, o sistema está desequilibrado e a fórmula de medição do valor da energia é equivocado. “Fatores aleatórios, como a chuva, são os definidores dos preços da energia no Brasil. Isso causa instabilidade e insegurança. É preciso um debate amplo, de preferência no Congresso, para estabelecer uma nova base de cálculo.”
(Fonte: Folha de S. Paulo)