A compreensão inadequada de termos básicos no controle microbiológico por métodos químicos ou físicos nos campos da microbiologia (saúde humana e animal, industrial e ambiental) pode resultar em procedimentos equivocados. Em artigos científicos na área de controle microbiológico encontramos termos básicos, confusos interferindo no uso e escolha adequada de agentes químicos ou físicos, principalmente nos procedimentos de esterilização e desinfecção propiciando uma análise crítica das alternativas disponíveis.
Desta maneira, todos os agentes infecciosos devem ser considerados nos métodos de controle microbiológico para um controle efetivo lembrando que na fermentação etanólica não podemos somente levar em consideração as bactérias bastonetes, mas sim os outros grupos que com certeza causam transtornos e prejuízos em nosso processo industrial. O que é um “antimicrobiano”? O que se espera dele? Um agente antimicrobiano pode interferir de várias maneiras nos diferentes microrganismos. Portanto, muita atenção e verifique se o antimicrobiano é suficiente, ou não, ou até mesmo, desnecessário.
As atividades: bactericida, esporocida, fungicida, significa “matar” ou “destruir” respectivamente bactérias, esporos bacterianos, fungos, parasitas e vírus. Por outro lado, se substituirmos o sufixo para stático(bacteriostático) a atividade antimicrobiana terá uma diferença enorme. Estes microrganismos param sua multiplicação, mas não morrem. Considerando as bactérias como referência, temos que “as bactérias têm como objetivo a sua multiplicação”. No entanto, este objetivo pode ser “inibido” com um produto químico, ou equipamento com atividade bacteriostática, por exemplo. Assim, a multiplicação destas bactérias cessa sem matá-las.
Se removermos o agente bacteriostático, as bactérias podem voltar a se multiplicar. Este procedimento é muito utilizado, pois é suficiente para atender diversas situações para o controle de microrganismos. Os produtos bactericidas, ao contrário, “matam” ou “destroem” as bactérias, e estas perdem totalmente a capacidade de se multiplicarem, mesmo se forem transportadas para ambientes altamente favoráveis ao seu crescimento. Importa muitas vezes, também, saber o quê fez a bactéria “morrer”. Existem produtos muito tóxicos ou equipamentos muito perigosos à saúde humana que, de fato, matam as bactérias e outros microrganismos, mas o ambiente ou um indivíduo também pode sofrer danos à saúde irreparáveis. Os esporos bacterianos são formados por apenas alguns tipos de bactérias.
Estas bactérias são capazes de se “encapsularem” formando o esporo que, por sua vez, é uma estrutura extremamente desidratada, com muito cálcio e ácido dipicolínico. Dependendo da espécie bacteriana, o esporo pode manter viável em seu centro os principais compostos das bactérias no ambiente por milhões de anos. Assim que estes esporos encontrarem condições favoráveis para crescer, mesmo depois de muito tempo esporuladas, os esporos germinam e as bactérias voltam a se multiplicar como antes. Portanto, este potencial de resistência e de germinação varia entre as bactérias capazes de produzir esporos.
O esporo bacteriano é mais resistente às condições extremas do ambiente como o calor, desidratação, radiação ultravioleta e agentes químicos. Estas propriedades “extras” são conferidas por serem estruturas extremamente desidratadas, possuírem o ácido dipicolínico e o cálcio que contribuem na integridade das proteínas para as condições de estresse. Um equívoco comum neste assunto é considerar que todo agente químico esporocida implica ser também esterilizante. Um agente esterilizante tem que possuir o potencial de todos os “cidas”, claro.
Mas, lembrem-se que, existem diferentes tipos de esporos cujas resistências ao ambiente variam. Deve-se, portanto, considerar que nem todo agente esporocida é necessariamente um agente esterilizante. Mas, todo agente esterilizante é também esporocida. Assim, para validar os processos de esterilização, em geral, utilizam-se determinados tipos de espécies de esporos bacterianos sabidamente mais resistentes e que devem, também, morrer nos diferentes processos de esterilização. Assim são validados os muitos processos de esterilização/desinfecção.
QUANTO o antimicrobiano “mata” (atividade quantitativa) uma determinada população bacteriana. Ou seja, quantos microrganismos morrem num determinado intervalo de tempo, isto é, se “mata” 10%, 20%, 50%, 80%, 90% de uma população microbiana. Em geral, começamos a pensar em valores de 90% ou mais. As percentagens menores valem sim, mas em geral, são menos significativas quando pensamos em populações em número de logaritmos a base de 10. Valores como 99.99%, 99.999% são vistos mais frequentemente em rótulos de alguns produtos. Puxa!, mas assim é quase 100%. NÃO! 100% é esterilização e na nossa atual planta industrial de usinas de açúcar e álcool é impossível conseguirmos este resultado.
Em microbiologia, temos que tratar populações de microrganismos cuja quantidade pode chegar a 1012 bactérias por grama como nas fezes humanas, ou até 108 em alguns rios, ou cerca de 106 em lagos e etc. estes exponenciais variam muito nos campos da microbiologia, principalmente, na área ambiental e industrial. Se, por exemplo, um produto ou processo de descontaminação tem capacidade de reduzir 90% de uma população bacteriana, o que significaria isto? Se temos inicialmente 107 bactérias ufc/ml, no final teríamos cerca de 106 bactérias ufc/ml. Ora, esta redução pode ser insuficiente porque os 10% que restaram podem ser uma população microbiana alta ainda dependendo da planta industrial e de nossos objetivos de controle , na fermentação etanólica este resultado com certeza é muito expressivo que nos indica por metodologia quantitativa de redução populacional bacteriana, um bom controle microbiológico.
Dependendo da área de microbiologia que trabalha no controle de microrganismos, 1000 bactérias podem ser boas em alguns ambientes, mas não em outros. O controle de microrganismos ocorre, também, em outras áreas além da saúde humana como a industrial e de meio ambiente. Vale também lembrar que os valores exemplificados são de testes laboratoriais, nos quais um produto desinfetante fica em contato com as bactérias testadas (protocolo oficial INCQS-FIOCRUZ-ANVISA).
Na prática, diversos fatores ambientais nunca serão semelhantes às condições do laboratório. Assim, as reduções mencionadas podem ser menores do que as mencionadas pelos testes laboratoriais regulamentados e para as Usinas de Alta performance o caminho mais seguro é comprar estes produtos registrados pela ANVISA E MAPA que com certeza realizaram testes rigorosos para expedirem os devidos registros de produtos, e adequarem testando em caldos as dosagens das necessidades do processo, lembrando que ainda no nosso setor esta lei não é seguida.
Estes ensaios laboratoriais com estudos dos caldos da fermentação são simples de serem realizados, mas demandam tempo e conhecimento de controle microbiológico específico. Desta maneira, não devemos aceitar sem questionar a atividade antimicrobiana de um produto ou equipamento e sua legalização de acordo com normas governamentais ANVISA E MAPA. É preciso perguntar e se certificar sempre dos potenciais, dos registros e das limitações destes produtos antimicrobiano.
Até a próxima e boa fermentação com ALTA PERFORMANCE.