Os negócios ligados ao etanol já foram mais prósperos. O cenário, hoje, é de insatisfação, principalmente dos produtores, que reclamam da falta de incentivo do governo e culpam o subsídio à gasolina como um dos responsáveis pelo retrocesso do setor. Desde 2007, 58 usinas fecharam as portas na região centro-sul – 34 delas em São Paulo. Isso sem contar as empresas que deixaram de produzir etanol para se dedicar ao açúcar.
O derivado da cana foi alardeado pelo governo mundo afora como alternativa sustentável aos combustíveis fósseis. Surgia como esperança de mudança no cenário econômico brasileiro. Junto houve o incentivo ao aumento da frota flex e a perspectiva de exportação do etanol brasileiro.
Pré-sal: Veio então a euforia com os resultados do pré-sal – de 2010 a 2014, a média de produção cresceu dez vezes, chegando a 411 mil barris de petróleo por dia, que representa 20% de toda a produção nacional. O etanol foi para segundo plano.
“A crise do álcool começou em 2010, com a implantação da política de controle de preço de gasolina e diesel para segurar a inflação de energia”, diz Adriano Pires, presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura. “Ao segurar o preço da gasolina na bomba dos postos, a Petrobrás teve prejuízo.”
O consumidor preferiu a gasolina ao álcool depois que o derivado de petróleo ficou sem aumento do preço na bomba. Em 2009, 80% dos veículos s flex usavam álcool. No fim de 2012, a adesão caiu para 27%. Para o motorista, só vale à pena usar o etanol se o preço for até 70% abaixo da gasolina, pois o combustível da cana rende menos.
“No ano passado, a crise ainda se agravou devido ao clima”, diz Elizabeth Farina, presidente do União Nacional das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica). Em alguns lugares, choveu muito acima de média, em outros, muito abaixo, e ainda houve geada. O País ficou sem estoque para exportação.
No campo, a crise levou a demissões, problemas de salário e falta de crédito. Até as usinas que migraram para o açúcar se deram mal . “O preço da bolsa do açúcar em Nova York não cobre os custos da produção”, diz Gustavo Diniz Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira. “Não sabemos qual será a saída para essa crise”, diz Elizabeth. Mas o sonho do etanol virar commodity ainda está longe de se concretizar.
(Fonte: O Estado de S.Paulo)