Mercado

Mercado de açúcar ampliará vagas

Engenheiros agrônomos, de produção, técnicos agrícolas, profissionais de comércio exterior e outros envolvidos na cadeia produtiva de açúcar, principalmente da região de Ribeirão Preto, devem ficar atentos e buscar novos conhecimentos e especializações. Após a OMC (Organização Mundial de Comércio) considerar ilegal os subsídios ao açúcar nos países da Europa, um novo mercado passa a ser disputado por países produtores.

O Brasil, como maior produtor e exportador será um bom candidato ao posto de vendedor. Na região de Ribeirão está o pólo de desenvolvimento e produção, mas tem um detalhe significativo: praticamente não há mais área disponível para o plantio de cana. Tanto que muitos empresários estão buscando outras regiões, como o Oeste do Estado ou cidades de Minas Gerais.

Se há falta de área, o caminho é buscar melhor produtividade. É neste momento que melhores profissionais são chamados a colocar seus conhecimentos em ação. Empresários e técnicos ligados ao setor têm a mesma aposta: vai ser preciso competência para conquistar o mercado oferecido pelo velho (e exigente) mundo.Conhecedores do setor de açúcar e álcool apontam que uma área importante neste mercado de trabalho que pode se abrir nos próximos dois ou três anos é o de mercado exterior. Empresários e líderes da área não descartam isso, mas já consideram as empresas encarregadas desta comercialização bastante aptas a continuar atuando. Vai exigir uma especialização aqui outra ali, mas não que sejam necessários grandes investimentos.

O nó vai ficar mesmo na produção.

“Um dos grandes desafios será crescer de forma competente, fundamentalmente na produção, porque a comercialização já é bem feita”. A opinião é do presidente da Câmara Setorial de Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura, Luís Carlos Correa Carvalho. Para ele, as profissões importantes para o novo mercado que se abre estão mesmo na agroindústria, na área agronômica e técnica.“Será preciso produzir de forma competitiva, buscando o aumento da produtividade, que já é o diferencial brasileiro”. Carvalho, no entanto, não deixa de considerar importantes as áreas de administração de recursos humanos infra-estrutura e logística. Quanto a profissionais que atuam no comércio exterior, ele prevê que eles terão necessidade de maiores esclarecimentos.

Produtividade crescente

O empresário e conselheiro da Unica (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), Maurílio Biagi Filho, considera que o Brasil não terá dificuldades para enfrentar o novo mercado. “O Brasil já é o maior produtor e o maior exportador. Portanto, não precisamos inventar nada”, diz.

Ele defende a continuidade da busca de maior produtividade. “Essa é uma busca incessante. Nos últimos 30 anos, o crescimento médio da produção na nossa região tem sido de 3% ao ano, considerando as áreas agrícola e industrial”, exemplifica.

O empresário aponta também um choque neste caminho. “Se aumentamos a produtividade, o lógico é a redução de empregos. Se o aumento é na produção, o mercado de trabalho cresce”, afirma Biagi.Estabilidade e planejamento

Jairo Balbo, diretor da usina São Francisco, aponta a visível abertura do mercado europeu como um fator a propiciar maior estabilidade ao setor e possibilidade de melhor planejamento. “Se olharmos para um horizonte de cinco anos, vamos perceber que neste período vivemos entre o céu e o inferno. Se o preço está alto, o governo chama os empresários e pede para baixar, mas se está baixo não há a mesma providência”, aponta.Na falta de espaço para novas plantações (“não podemos crescer para os lados, só se for para cima”, brinca), ele também vê como saída o aumento da produtividade. “E aumentar a produtividade sempre abre espaço para novas especializações”.

Exportador de açúcar orgânico, notadamente para a Inglaterra, Jairo Balbo sabe das exigências de um povo mais culto, mas mesmo assim tem a certeza de que não haverá problemas no setor de comercialização externa. “As tradings já funcionam muito bem”, afirma.

Decisão

A decisão da OMC (Organização Mundial do Comércio) sobre a disputa aberta pelo Brasil contra os subsídios europeus ao açúcar foi anunciada no último dia 28. Mas a decisão levará pelo menos seis meses para ser cumprida. O Brasil queria que a situação estivesse resolvida em três meses, mas terá que esperar o dobro do tempo.