Afetada pela crise energética que se agrava de forma persistente desde 2004, o governo da presidente Cristina Kirchner anunciou que vai misturar mais etanol à gasolina.
Dessa forma, o combustível que abastece os automóveis da Argentina – país que até poucos anos atrás era autossuficiente em combustíveis – passará a ter 8,5% de etanol em cada litro de gasolina até o fim do mês (hoje a porcentagem é de 8%). A proporção continuará aumentando, chegando a 9% em outubro, 9,5% em novembro e 10% em dezembro.
Com a medida, a Argentina – afetada pela escassez de dólares – poderá reduzir as importações de energia, que em 2013 consumiram US$ 12 bilhões. Os cálculos para este ano são de US$ 13 bilhões a US$ 15 bilhões.
O deputado kirchnerista e ex-vice-ministro da Economia Roberto Feletti afirmou ontem que a Argentina “terá dólares para funcionar até dezembro de 2015”. Feletti, um dos principais referenciais do governo no Parlamento na área econômica, sustentou que nos próximos 16 meses o país terá as divisas suficientes para “pagar dívidas e importar”. Coincidentemente, o mandato da presidente Cristina termina em dezembro do ano que vem.
As reservas do Banco Central argentino, que estavam em US$ 52,6 bilhões em 2011, ano da reeleição de Cristina, estão atualmente em US$ 28 bilhões. O orçamento de 2015 prevê o pagamento de quase US$ 12 bilhões em títulos da dívida pública. Líderes da oposição afirmam que Cristina Kirchner deixará o país “em estado de falência” para o próximo presidente.
Ainda ontem, a agência de classificação de risco Moody´s fez um alerta sobre a “persistente deterioração” da economia argentina. Segundo a agência, os problemas econômicos poderiam “prejudicar grande parte do progresso social conseguido durante a última década”.
Em relatório, a Moody´s sustenta que a Argentina “é o país com maior risco. No último ano, a incontrolável inflação, as elevadas taxas de juros e a difícil situação de recessão forçaram os consumidores a reduzir drasticamente seus gastos”.
Segundo a agência, “os empréstimos bancários estão diminuindo de 20% a 30%”. Além disso, a agência disse que o calote parcial desde julho com os credores de títulos públicos argentinos reestruturados que residem nos Estados Unidos “limitará mais ainda as novas opções de financiamento para as empresas e levará a uma maior desvalorização do peso, fatores que acrescentam pressões inflacionárias”.
Fonte: O Estado de S. Paulo