Eles já dominaram 90% do mercado nacional, mas, hoje, de cada 30 carros novos que saem das revendas, apenas 1 tem motor a álcool. Das mais de 400 versões que figuram nas tabelas de preços, só o Gol Special 1.0, a Kombi 1.6 e o Santana 1.8, todos da Volkswagen, além do Chevrolet Classic 1.0, têm essa opção. Ainda assim, figurar na tabela não significa estar à disposição do consumidor.
A tendência é que os carros a álcool desapareçam completamente em 2006, como previsto pelo Ministério da Agricultura em pesquisa sobre a aceitação dos flexíveis, que surgiram em 2003 e já representam mais de 25% das vendas. “O motor flexível veio para reinar absoluto”, acredita o engenheiro Pedro Paulo Aguiar Júnior, dono da Engin Engenharia de Manutenção Automotiva.
Dos quatro “dinossauros”, só o Classic tem oferta um pouco mais regular. De 6 autorizadas Chevrolet consultadas pela Folha, 3 tinham o carro, inclusive com opções de cores metálicas.
“Enquanto não chega o Celta Sedan Flexpower, o Classic é a opção de táxi mais acessível”, explica Paulo Modenutti, da Viamar ABC. Ele é cerca de R$ 10 mil mais barato que o Corsa Sedan 1.8 Flexpower. Quem não tinha o Classic informava que o novo Celta 1.0 bicombustível estréia até julho.
Achar um VW é mais difícil. De 6 revendas, só 1 dispunha de três Gol. Os outros vendedores foram unânimes em afirmar que a produção foi encerrada e ofereciam o Gol City 1.0 Total Flex, “quase pelo mesmo preço e com a vantagem da flexibilidade”. O “quase” significa R$ 2.000 a mais.
Usados
“Mosca branca” entre os zero-quilômetro, o carro a álcool também sumiu das lojas de usados. Estima-se que haja 3,5 milhões de unidades circulando (surgiu com o Fiat 147, em 1979) ante 14 milhões dos movidos a gasolina. “Anunciei um Santana no domingo e o vendi na terça-feira”, conta o comerciante Augusto Silveira.
Os raros modelos em oferta têm preço ligeiramente acima dos similares a gasolina. “No Gol 2000, a diferença é de R$ 300 a R$ 400”, diz Joedson Martins dos Anjos, da Santa Paula Veículos. “O giro fica abaixo de uma semana, enquanto o do a gasolina é de até um mês.”
Quem aderiu ao álcool está satisfeito. “A pessoa quer o flex para usar álcool o tempo todo, não entendo”, argumenta o comerciante Dílson Alberto Pereira, 53, que comprou uma Volkswagen Saveiro 2003 a álcool completa por cerca de 30% menos que uma picape bicombustível básica nova.